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Viver com um salário mínimo: Conheça a história de três mulheres que representa a de muitas brasileiras

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Imagem do site Recontaai.com.br

A Constituição Federal de 1988 define o salário mínimo como direito de todos os trabalhadores urbanos e rurais. Entretanto, o valor fixado em lei deveria ser capaz de atender as necessidades vitais básicas do trabalhador e de sua família.

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Essas necessidades vitais básicas são: moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social. Mas a realidade do brasileiro é completamente diferente.

O ano é 2020 e o salário mínimo está fixado em R$ 1.045. Valor muito aquém do necessário para que Fabiana Vicente da Silva, 31 anos, empregada doméstica, consiga sustentar as suas duas meninas.

Mas Fabiana não está sozinha. A sua realidade é a mesma de milhares de mães solo, que precisam sustentar e criar seus filhos sem a ajuda de ninguém.

“Viver com um salário mínimo é muito apertado. Só de aluguel eu pago R$ 400”, explica ao contar que sempre que precisa de uma farmácia ou tem algum outro gasto extra, pede ajuda para as irmãs. “O que ganho não dá pra cobrir nenhum imprevisto”.

salárioFabiana e suas filhas / Imagem: arquivo pessoal

Quanto vale o salário mínimo?

Há muitos anos, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) vem estimando o valor do salário mínimo necessário para atender a necessidade do trabalhador.

De acordo com a instituição, o salário fixado anualmente vem sofrendo uma contínua perda de valor real. Mês a mês, o Dieese avalia e divulga qual seria o mínimo necessário para atender uma família de dois adultos e duas crianças.

salárioTabela do Dieese com valores do salário mínimo nominal e necessário para 2020.

E esse abismo entre o quanto ganha e o quanto deveria ganhar para pagar as contas básicas é sentido pela aposentada Elza Correa, 81 anos. Apesar de não pagar aluguel, ela garante que o dinheiro não dá.

“Você paga água, luz, telefone, imposto, comida e acabou o dinheiro. Tem que apertar muito o cinto”, diz dona Elza que mora junto com o marido, também aposentado.

Cada um ganha R$ 1.045 com a aposentadoria, mas mesmo assim o marido precisa fazer trabalhos para complementar a renda. “Não se vive com mil reais. Se você pega uma receita e vai na farmácia, já deixa R$ 200. No supermercado não dá pra comprar o que quer, mas só o necessário”, lamenta.

Para dona Elza, um aposentado precisa ganhar entre R$ 1,6 mil e R$ 1,8 mil para viver com dignidade. “Isso se ele for sozinho porque se tiver mais gente em casa, aí esse valor não dá”.

Imagem: arquivo pessoal da dona Elza

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Informais convivem com a incerteza

De acordo com a última Pnad Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 32,3 milhões de brasileiros estão na informalidade, o que representa 37,6% da população ocupada.

Há cinco anos Rosalina da Costa Pinheiro, 39 anos, entrou para o universo da informalidade. Vendedora de bolos, ela trabalha diariamente para sustentar suas duas filhas e uma neta.

Diferente de quem ganha um valor fixo no fim do mês, Rosalina vê sua renda variar conforme a necessidade dos clientes. “Trabalho em casa e a minha renda às vezes não chega nem a um salário mínimo”, conta.

O orçamento apertado fez com que Rosalina e sua família fossem morar em uma casa cedida pela própria mãe. “Eu morava de aluguel e não estava dando conta de pagar. Minha mãe tinha uma casa que estava alugada e era a renda dela, mas eu pedi pra morar lá”, explica.

Assim como na casa de grande parte dos brasileiros, a comida acaba abocanhando grande parte da renda de Rosalina. Se não fosse a filha, de 20 anos, trabalhando e recebendo um salário mínimo, a vida da família estaria muito mais difícil.

“Quando eu não trabalho eu não ganho dinheiro. Com essa pandemia eu não estou ganhando praticamente nada. Às vezes, com muito esforço, eu consigo tirar R$ 200. Pra piorar a situação, eu não consegui o auxílio emergencial”, lamenta Rosalina.

Viver com apenas R$ 1.045 por mês não é uma tarefa fácil e a história dessas três mulheres guerreiras provam isso. Mas mesmo com as dificuldades, elas ainda sonham com um futuro melhor e mais digno.

Rosalina com suas duas filhas e a neta / Imagem: arquivo pessoal