Durante live do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região, o sociólogo Clemente Ganz falou sobre o papel do sindicalismo no Governo Lula. Para ele, o resultado das eleições de 2022 é uma vitória histórica. "Não é uma vitória qualquer. Essa vitória significa que nós viramos jogo", frisa.
Ganz alerta que existem algumas condições mínimas para o Brasil voltar a se desenvolver. Uma delas, segundo ele, é a retomada a política de valorização do salário mínimo. "É necessário que o governo abra um diálogo com as centrais sindicais para que logo em janeiro já se inicie a política de valorização do salário mínimo", explica.
No entanto, o sociólogo alerta que a prioridade deve ser a manutenção e reorganização do programa de transferência de renda; dar prioridade para as famílias que estão endividadas; recuperar o sistema de educação; e reorganizar o sistema de saúde. "São coisas básicas para as pessoas voltarem a ter o mínimo de segurança", disse.
Assédio eleitoral
De acordo com Ganz, cerca de 2,5 mil denúncias foram registradas no Ministério Público do Trabalho (MPT) sobre assédio eleitoral contra patrões. "Isso é 12 vezes maior que a maior taxa de denúncias que nós tivemos na história", alertou.
O sociólogo acrescenta que além das denúncias contra patrões, foram recebidas inúmeras denúncias de assédio eleitoral religioso e também de entes públicos, como prefeituras. Ganz lembrou o programa Profissão Repórter, onde o jornalista Caco Barcelos denuncia o assédio em cima de beneficiários do Auxílio Brasil para que eles votassem em Bolsonaro no segundo turno das eleições.
"A pressão social que foi feita com essas pessoas foi um negócio inimaginável", disse.
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Movimento sindical
Ganz afirmou que o movimento sindical tem sido uma referência e foi muito importante para a constituição de frentes amplas. "Já no ano passado, as Centrais Sindicais diziam que apoiavam Geraldo Alckmim como vice presidente", lembra o sociólogo acrescentando que havia um medo do vice de Lula ser rejeitado.
Ele explica que a sociedade, depois de uma tragédia como o governo Bolsonaro, tende a se abrir para composições, acordos e relações que não estavam, talvez, dispostas em um momento anterior. "O movimento sindical é um vetor e uma força fundamental para que a sociedade enfrente essas mazelas e as supere", acrescentou.
O sociólogo finalizou dizendo que tem esperança para os próximos anos e alertou que serão anos de muito trabalho. De acordo com ele, se o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva souber articular essa frente, será possível o Brasil fazer mudanças substantivas que não foram possíveis no passado.
"Nós demos a volta por cima e cabe agora a responsabilidade para fazer o melhor uso possível daquilo que a gente abriu de oportunidade daqui pra frente", encerrou Glanz.