O preço do gás de cozinha tem impossibilitado famílias brasileiras de usar fogões tradicionais.
Gerando danos à saúde e também ambientais, a volta do uso de lenha e carvão para cozinhar, geralmente de forma improvisada, têm causado acidentes e exposto principalmente mulheres e crianças à situações de perigo, que vão além da pauperização.
Gás de cozinha e programas sociais
O problema brasileiro com o uso de lenha e gás para cozinhar é antigo. No início dos anos 2000, foi objeto de programas sociais federais. Um ano após a virada do milênio, o então presidente Fernando Henrique Cardoso criou o programa social Vale Gás, incorporado em 2008 pelo Bolsa Família pelo governo Lula.
Uma pesquisa do IBGE demonstrou que o problema estava decrescendo com o crescimento da economia e do emprego, mas voltou a assombrar o país no ano de 2016.
Gás de cozinha e valores
Em novembro de 2001, o botijão normal de gás de cozinha custava em média R$ 18,87 segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O último levantamento do órgão, referente à abril de 2019, mostra o mesmo botijão sendo vendido à R$ 69,06. Esses dados referem-se a uma média brasileira, porém, em muitas regiões o gás de cozinha tem alcançado o valor de R$ 89,00, como no Distrito Federal.
Gás de cozinha e miséria
Não só os aumentos acima da inflação explicam o fenômeno da volta a primitiva técnica da lenha. Na década de 2001 à 2010, o Brasil teve uma taxa média real de crescimento anual de 3,7%, e a atualmente projeta-se um crescimento de apenas 0,9%. Além disso, o aumento da concentração de renda e o aumento do desemprego e do desalento empurram grande parte da população pobre para a pobreza extrema. Como se vê nem só o preço do gás de cozinha empurra as famílias para o risco, mas a falta do que colocar na panela também.