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Últimos pagamentos do auxílio emergencial: “Serão dezenas de milhares de pessoas jogadas na miséria”, alerta Fenae

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Imagem do site Recontaai.com.br

Por: Fenae

Além do avanço da covid-19, projeções feitas por diferentes institutos e especialistas apontam para crescimento da inflação e do desemprego no país. Cenário preocupa Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), que defende continuidade do auxílio enquanto durarem efeitos da pandemia

Até esta terça-feira (29), cerca de 3,2 milhões de pessoas nascidas em novembro receberão a última parcela do Auxílio Emergencial Extensão de R$ 300 e outras 50,3 mil, também nascidas no referido mês, terão acesso aos últimos pagamentos do benefício no valor de R$ 600. Amanhã, recebem os beneficiários nascidos em dezembro. Para o grupo do Bolsa Família, os pagamentos do auxílio foram encerrados no último dia 23 e a partir de janeiro estes trabalhadores voltam a receber somente o valor original da ajuda financeira.

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Os cenários econômico e sanitário do país e a decisão do governo de encerrar nesta quinta-feira (31) o pagamento do auxílio emergencial aos brasileiros que mais necessitam de amparo do Executivo preocupam a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae). Além do aumento dos casos de covid-19 [já são cerca de 7,5 milhões de ocorrências e mais de 191 mil mortes pela doença], projeções feitas por diferentes institutos e especialistas apontam para o crescimento da inflação e do desemprego no Brasil.

“Serão dezenas de milhares de pessoas jogadas na miséria”, alerta o presidente da Fenae, Sergio Takemoto, ao observar que a federação sempre defendeu a manutenção do auxílio emergencial em R$ 600 mensais e enquanto durarem os efeitos da pandemia. De acordo com os calendários de pagamentos de hoje (28) e amanhã (29), os valores do benefício serão creditados em poupança social digital da Caixa; mas, os saques só estarão liberados a partir de 25 de janeiro.

“Quem mais sofre e continuará padecendo com esta crise sem precedentes e que tende a se arrastar no próximo ano é a população mais vulnerável”, ressalta o presidente da Fenae. “Nosso entendimento foi sempre para a continuidade do benefício até que a economia tenha horizontes mais claros”, defende Takemoto.

Pobreza

Após o Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmar que o fim do auxílio emergencial pode fazer com que o Brasil alcance a marca de 24 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza [renda mensal até R$ 155], o pesquisador Vinícius Botelho, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), divulgou, na última semana, a projeção de que 17 milhões de brasileiros estarão nessa condição a partir do próximo mês de janeiro.

Segundo o estudo, isto representará 26,2% da população. Em setembro deste ano, mês seguinte à redução do valor do auxílio pela metade, tal percentual ficou em 18,3%.

Conforme levantamento feito pela Federação Brasileira de Associações de Fiscais de Tributos Estaduais (Febrafite), em 4.403 cidades [79% do total de municípios], o valor injetado nas economias locais com o pagamento do auxílio emergencial à população vulnerável foi maior do que a arrecadação com impostos e taxas municipais. 

A dependência do benefício em meio à pandemia, a recuperação mais lenta do setor de serviços e as incertezas decorrentes do segundo avanço do coronavírus antecipam um risco maior para a atividade econômica nos municípios, indica a pesquisa da Febrafite, divulgada na última sexta-feira (25). “O auxílio vai acabar e não tem nenhum plano de saída e nenhuma perspectiva de vacinação rápida [contra a covid-19]”, pontuou o presidente da entidade, Rodrigo Spada, ao defender a prorrogação do benefício pelo menos até o primeiro trimestre de 2021.

Desemprego

A taxa média de desemprego projetada pelo Ibre/FGV é de 13,6% para 2020 e de 15,6% em 2021, com as maiores taxas sendo registradas entre o segundo e o terceiro trimestres do próximo ano. “Em 2021, teremos uma perda de massa de renda muito alta com o fim do auxílio emergencial e parte da poupança da classe média já terá sido gasta. Então, certamente o que veremos será o consumo das famílias perdendo um pouco de espaço”, avalia Daniel Duque, pesquisador do Ibre.

“A crise pandêmica é bastante regressiva; ou seja, ela afeta muito mais o trabalhador informal, que é menos escolarizado e tem salário médio menor”, afirmou à BBC News Brasil a sócia e diretora de análise macroeconômica da Tendências Consultoria, Alessandra Ribeiro.

Inflação

Pesquisa divulgada hoje (28) pelo Datafolha mostra que a expectativa de aumento da inflação atingiu, neste mês de dezembro, o maior patamar registrado no governo Bolsonaro. De acordo com o levantamento, para 72% dos entrevistados, a inflação vai aumentar.

O índice é 5% maior do que o registrado em agosto, quando 67% dos ouvidos pelo Datafolha tinham essa crença. Naquele mês, a inflação [em 12 meses, medida pelo IPCA] estava em 2,44%. Em novembro, chegou a 4,31%.

“Não há como contestar tantos dados”, destaca Sergio Takemoto. “Mas, este governo insiste em dar as costas tanto para a realidade quanto para a população mais carente, que sente diariamente os efeitos da inflação nos alimentos básicos e que ainda depende do auxílio emergencial para sobreviver”, reforça o presidente da Fenae.  

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