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TrateCov: conheça o aplicativo desenvolvido pelo Ministério da Saúde discutido na CPI da Covid

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Imagem do site Recontaai.com.br

Citado pelo ex-ministro da Saúde Pazuello como um programa experimental, o TrateCov foi lançado em Manaus em janeiro de 2021.

O TrateCov foi lançado em janeiro de 2021 como um aplicativo para auxiliar médicos no diagnóstico da covid-19. Veículos públicos como a Agência Brasil e a TV Brasil celebraram o lançamento em diversas matérias durante o período, assim como as redes sociais da Casa Civil, do Ministério da Saúde e do próprio ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Veja abaixo matéria sobre o lançamento do TrateCov feito pela TV Brasil, emissora pública do governo federal.

https://www.youtube.com/watch?v=ol-ACRrkSKY

O programa foi extremamente criticado por médicos e até por programadores que, ao analisarem o código do programa, descobriram que bastava atingir uma pontuação baseada em sintomas genéricos para que o aplicativo recomendasse a utilização de Cloroquina e Hidroxicloroquina.

Publicidade oficial do lançamento do TrateCov
Imagem: Ministério da Saúde
Data: 14/01/2021
Hora: 12h55

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Por dentro do TrateCov

Existe uma cópia do aplicativo no ar, disponibilizada pelo jornalista Rodrigo Menegate e por Ibrahim Cesar, diretor de tecnologia no Nexo Jornal. Segundo eles, foi simples obter uma cópia do aplicativo. Para tanto, bastava "acessar a aba network do inspetor de elementos do navegador Google Chrome".

Imagem do TrateCov

Nessa cópia, é possível observar que aos médicos caberia colocar os dados do paciente, os sintomas e seus dados profissionais. Apenas com essas informações, o programa fornecia uma hipótese diagnóstica baseada na pontuação do que o paciente atingiu no escore de gravidade.

Entretanto, analistas de diversas áreas - saúde, programadores e jornalistas de dados - mostram que bastava atingir uma pequena pontuação para que o aplicativo já recomendasse os remédios do chamado "kit-covid". Em outras palavras, o aplicativo recomendava ao médico que prescrevesse cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina, entre outros. Ainda que nessa data, agências de Saúde de todo o mundo já tivessesm desaconselhado seu uso.

As críticas dos especialistas

De acordo com os médicos, o aplicativo indicava o "kit-covid" para crianças, gestantes e outros pacientes com comorbidades. Além disso, desconsiderava interações medicamentosas com remédios de uso contínuo utilizados pelos pacientes.

Conforme nota lançada pelo Conselho Federal de Medicina, em 21 de janeiro, o aplicativo tinha incosistências. Entre elas, o CFM destacou:

  • Não preserva adequadamente o sigilo das informações;
  • Permite seu preenchimento por profissionais não médicos;
  • Assegura a validação científica a drogas que não contam com esse reconhecimento internacional;
  • Induz à automedicação e à interferência na autonomia dos médicos;
  • Não deixa claro, em nenhum momento, a finalidade do uso dos dados preenchidos pelos médicos assistentes.

Diante das considerações, até o CFM pediu ao Ministério da Saúde a retirada imediata do aplicativo TrateCov do ar.