A implementação do Real como nova moeda completa no mês de julho 28 anos. Ao longo de quase três décadas, sofreu forte desvalorização por conta da inflação.
De acordo com a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), taxa oficial da inflação no país, para se comprar algo que custava R$ 1 em julho de 1994 seriam necessários R$ 7,48 em maio de 2022 - a inflação de junho de 2022 ainda não foi calculada.
Apesar da desvalorização ao longo do tempo, agravada nos últimos anos pela pressão inflacionária no governo de Jair Bolsonaro (PL), a situação não se deteriorou ainda mais para a maior parte da população por um elemento: a política de valorização do salário mínimo - que foi encerrada em 2019, fato que faz com que o atual presidente seja o primeiro a entregar um salário mínimo com valor real menor do que aquele do início do mandato.
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A primeira grande valorização real do salário mínimo pós-Real ocorreu em maio de 1995, durante o primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso. Maio era o mês em que usualmente o salário mínimo era reajustado e, naquele ano, saltou de R$ 70 para R$ 100.
Tomando como marco inicial este valor de maio de 1995, caso o salário mínimo fosse reajustado pela variação do INPC - índice normalmente utilizado para reajustes e negociações salariais - seu patamar hoje estaria em apenas R$ 600. Este seria, portanto, o resultado se a política de Bolsonaro e Guedes tivesse sido aplicada desde 1995.
Em termos comparativos, basta lembrar que, fosse este o valor atual do mínimo, seria impossível comprar uma única cesta básica na maioria das capitais do Brasil.
Valorização
A política de valorização real do mínimo se iniciou após uma série de marchas das centrais sindicais a Brasília e de negociações com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Entre 2004 e 2019 os reajustes do mínimo significaram uma alta 283,85%, enquanto a inflação medida pelo INPC foi de 120,27% no mesmo período. O intervalo escolhido se deve ao fato de que, a partir de 2008 a valorização do salário mínimo se tornou uma política constante, se tornando lei em 2011 e sendo renovada em 2015 - vigorando exatamente até 2019.
Considerando o período entre 2004 e 2016 - mandatos do Partido dos Trabalhadores - o aumento real do salário mínimo, ou seja, acima da inflação foi de 74,33%.