Já foram abertas 105 milhões de contas poupança sociais digitais, número confirmado no relatório do terceiro trimestre da Caixa Econômica Federal. Essa modalidade de conta foi criada para o pagamento do auxílio emergencial, mas uma lei sancionada ao final de outubro ampliou o seu uso.
Dessa forma, brasileiros poderão receber por meio da conta digital todos os benefícios sociais do governo, como Bolsa Família e saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
No entanto, o fato da poupança social digital se tornar permanente acabou repercutindo como mais uma iniciativa do Governo Federal para alavancar as privatizações, como a da Caixa, por exemplo.
Paulo Guedes – da pasta da Economia, assim como Pedro Guimarães – presidente da Caixa, já demonstraram intenção de fazer um IPO (lançamento inicial de ações) desse banco digital. Ou seja, levar o banco digital da Caixa a negociações da Bolsa de Valores.
Sérgio Takemoto, presidente da Fenae, vê com preocupação as recentes declarações da dupla Paulo Guedes e Pedro Guimarães; não pela criação do banco digital, mas por sua possível privatização. “Isso significa um grande risco para a sobrevivência da Caixa quando se fala em tirar da carteira esse número impressionante que foi a bancarização realizada em tão pouco tempo”, disse. “Tem que combater a privatização, não a criação do banco digital”, defende.
Combater com tudo o que estiver ao alcance
“Nós vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance, ou seja, procurar parlamentares, movimentos sociais, ver qual a possibilidade de ação especial. Mas, principalmente, precisamos da mobilizaão da sociedade e dos empregados da Caixa para denunciarmos essa privatização que o governo e o presidente da Caixa estão fazendo”
Sérgio Takemoto
Perde quem mais precisa
“Se privatizar a Caixa, dificultará e encarecerá o acesso ao credito, à moradia, aos programas sociais, ou seja, quem vai pagar a conta mais uma vez será a população brasileira e o setor privado ficará com todo o lucro. Precisamos combater todo tipo de privatização principalmente nas áreas estratégicas, fundamentais para a população brasileira”
Sérgio Takemoto
Assim como a Caixa, outras empresas estatais seguem na mira das privatizaçoes, como a Eletrobras. No caso do setor elétrico, o apagão que ocorreu no Amapá demonstrou o equívoco de privatizar empresas que envolvem áreas essenciais e estratégicas do Estado brasileiro. A Eletrobras, por exemplo, é líder em geração e transmissão de energia elétrica no País.
Para Takemoto, o que aconteceu no Amapá mostra o prejuizo ao privativar empresas públicas, principalmente de setores fundamentais para a população brasileira, como é o caso da energia elétrica.
“Fica bem claro qual é o modelo de privatização que pretende esse governo: privatiza o lucro e socializa o prejuízo pois, neste caso, foi o que aconteceu: a empresa simplesmente lavou as mãos”, disse, referindo-se ao fato de que foram os trabalhadores da Eletronorte – outra estatal – chamados para arrumar o estrago no estado do Amapá.
“Vemos vários exemplos no nosso Pais de que a privatização só trouxe prejuízo para a população, como é o caso do abastecimento de água. Não podemos permitir que o governo privatize essas áreas tão importantes para o País”
Sérgio Takemto
Além da Caixa e Eletrobras, estão na mira do governo para a privatização os Correios, Banco do Brasil e Petrobras.
Em outubro deste ano, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) liberou, provisoriamente, a venda de refinarias da Petrobras sem o aval do Congresso Nacional.
Na ocasião, o Senado questionou a Corte se a estratégia do governo de – para efetuar a venda – transformar as refinarias, que fazem parte da atividade fim da petrolífera, em subsidiárias — ou seja, braços do negócio principal — para, na prática, vender aos poucos a empresa-mãe.