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Prevent Senior criou receita padrão para covid e tinha relação com Ministério da Economia, diz advogada

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CPI Covid 4

A advogada Bruna Morato reafirmou nesta terça-feira (28) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que a Prevent Senior impunha aos médicos da rede uma receita padrão para os casos de covid e determinava a entrega de um kit de medicamentos, que ficou conhecido como "tratamento precoce".

Morato é representante dos médicos que trabalharam na Prevent Senior e elaboraram um dossiê entregue à CPI com diversas denúncias sobre o tratamento da empresa aos pacientes com covid-19.

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"O paciente recebia o kit completo, [quando queriam excluir algum medicamento do tratamento] os médicos tinham que riscar as receitas médicas, que já vinham prontas", afirmou. Ainda de acordo com ela, médicos diziam aos pacientes que eram obrigados a fornecer o conjunto completo de medicamentos: "se eu não te entregar, vou ser demitido".

Diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Batista tentou sustentar em seu depoimento à CPI que a operadora não determinava qual tratamento os médicos deveriam aplicar nos casos de covid. "Pedro Batista afirmou que dava autonomia aos médicos. Nunca deu", defendeu Morato.

A advogada afirmou que já trabalhava há alguns anos para médicos da operadora prestando consultoria jurídica em casos que pudessem envolver responsabilidade por condutas médicas. Em 2020, dúvidas sobre tratamento da covid começaram a chegar e, posteriormente, "relatos perturbadores".

Batista também afirmou aos senadores que Morato teria tentado obter um acordo com a Prevent Senior antes das denúncias virem à tona. "Não foi um suposto acordo. Foi realmente um pedido acordo. E não se tratava de questão financeira", esclareceu a advogada.

Morato afirmou que os médicos que a procuraram - inicialmente foram 12 profissionais, muitos de forma não-coordenada - pediram que a empresa tomasse três atitudes: assumisse publicamente que o estudo sobre tratamento precoce não foi conclusivo; assumisse que se tratava de um protocolo institucional; e que a Prevent arcasse com responsabilidade ante a possíveis ações judiciais.

No relato da advogada, a empresa não aceitou as condições colocadas pelos médicos, que se desligaram da operadora. Ainda segundo ela, a Prevent Senior teria ligações com o Ministério da Economia, que apostava no tratamento precoce como forma de evitar medidas de isolamento social. A ligação, no relato, não seria pessoal ou especificamente com Paulo Guedes, mas sim um afinidade ideológica.