O Governo Federal usou o auxílio emergencial, o novo saque emergencial do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e o benefício emergencial de manutenção do emprego e renda para promover um novo serviço na Caixa e, depois, vender para o setor privado.
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A Poupança Social Digital era, inicialmente, para pessoas que não tinham conta em nenhuma instituição financeira. No entanto, a Caixa resolveu que os 120 milhões de brasileiros que iriam receber algum desses pagamentos, teriam que ter uma conta digital no Caixa Tem.
Ou seja, o Banco Público limitou o acesso da população ao dinheiro. Além disso, causou inúmeros problemas para essas famílias e levou milhares de pessoas a procurarem as agências da Caixa. No fim das contas, o objetivo era usar a situação para alavancar o seu banco digital.
Em entrevista ao Valor, nesta quinta-feira (23), o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, explicou que o Banco Público criou o maior banco digital do mundo. “O maior até agora era um banco indiano, com 116 milhões de contas digitais. A gente vai superar, com 120 milhões de clientes reais”, disse ao jornal.
Para quem não lembra, Guimarães visitou a Índia em janeiro deste ano. Na época, ele procurava aproximar das instituições financeiras do País, como o State Bank of India.
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Bancarização
Durante a entrevista, Guimarães se gabou por ter encontrado 36 milhões de invisíveis, que não tinham conta bancária. Mas o que ele não conhece é a realidade dessa pessoas. São brasileiros das classe C, D e E, que não possuem celular. Ou, quando tem, não conseguem acesso a internet.
Brasileiros que pagam tudo em dinheiro, pois nunca usaram cartão de débito e muito menos de crédito. Mas de acordo com o presidente da Caixa, “do ponto de vista nosso, a gente cresce com muita rapidez no cartão de crédito”, disse ao Valor.
São pessoas que não têm educação tecnológica e que, de uma hora para outra, são obrigadas a se virar com o aplicativo Caixa Tem que nem funciona direito.
Menina dos olhos do presidente do Banco Público, o Caixa Tem é defendido com unhas e dentes. Ao Valor, Guimarães disse que o aplicativo “está dando mais confusão” por causa do combate às fraudes. “Invalidou centenas de milhares de contas”, acrescentou.
E é claro que essas fraudes e os problemas cadastrais, que levaram ao bloqueio de cerca de 3 milhões de contas, trouxeram outro problema: as filas nas portas das agências da Caixa.
Mesmo assim, Guimarães disse ao Valor que o banco digital pode levar ao trabalho em home office e até mesmo ao fechamento de agências. “Está em discussão ter mais ou menos 10% do banco em home office, num esquema flexível”, explicou ao jornal.
Venda de ativos da Caixa
Ao ser questionado sobre a venda dos ativos da Caixa, o presidente do Banco Público lembrou que o processo de oferta pública da Caixa Seguridade já está acontecendo. Além disso, a venda de ações PN do Banco Pan segue em constante estudo.
“Dos IPOs, temos outro três. Na Caixa Cartões, estamos no meio das discussões das joint ventures. A Caixa Loterias, essa sim está bem avançada, mas precisa de uma discussão anterior: se pode ou não fazer. Tem o IPO da asset, que está avançando com a criação da empresa, da DTVM”, explicou ao Valor.
Ele disse ainda que existe uma potencial abertura de capital do banco digital e que isso já está sendo discutido. “Esse banco digital, como é uma operação da baixa renda, envolve muita tecnologia e faz sentido ter discussões com o mercado. É um plataforma que criamos há dois meses e estamos reforçando a governança”, finalizou Guimarães ao Valor.