A prévia da inflação para o mês de agosto não trouxe surpresa para a população brasileira, que tem se deparado cotidianamente com o aumento dos preços. O resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) foi de 0,89% em agosto, conforme divulgou nesta quarta-feira (25) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
"O IPCA-15 trouxe a maior variação mensal para um mês de agosto em 20 anos", apontou o doutor em economia Emílio Chernavsky.
De acordo com o IBGE, os principais aumentos foram registrados em alimentos; combustíveis - gasolina, etanol - e gás de cozinha. Chernavsky explica que a inflação dos alimentos voltou a superar o índice de inflação geral, assim como ocorreu na maior prte de 2020. "O que afeta especialmente os mais pobres, que comprometem parcela maior de sua renda com alimentação", alerta o economista.
Política de energia e petróleo afetam a inflação direta e indiretamente
Com aumento de 5%, a energia elétrica exerceu o maior impacto individual no resultado, sendo responsável por 0,23 ponto percentual no índice do mês. No mesmo sentido, a política de combustíveis, responsável pelo gás, gerou aumentos nos preços de 3,79% no gás de botijão e 0,73% no do gás encanado.
No grupo dos transportes, também afetado diretamente pela política de petróleo dirigida pelo Governo Federal, os combustíveis tiveram uma alta de 2,02%, e somente a gasolina teve uma contribuição de 0,12 pontos percentuais no aumento de 0,89%.
"Além dos alimentos, o índice elevado foi afetado pela forte alta dos preços dos combustíveis e do gás de cozinha e, especialmente, da energia elétrica. Esses ítens afetam a inflação de forma não só direta, mas também indireta, já que impactam o preço da maioria dos produtos", explicou Chernavsky. Em outras palavras, tanto a produção como o transporte de todos os produtos são afetados pelo preço dos combustíveis e da energia elétrica.
Decisões políticas e crise hídrica
"A alta da energia é resultado do impacto da crise hídrica em um modelo que tem se revelado incapaz de realizar os investimentos necessários, situação que deve se deteriorar ainda mais com a privatização da Eletrobras absorvendo a maior parte dos recursos aplicados no setor", esclarece Chernavsky.
No mesmo sentido, o economista prossegue sobre os combustíveis: "Já a alta dos combustíveis deriva da política seguida pela Petrobras, que transfere as flutuações nos mercados internacionais e no dólar diretamente aos preços, prejudicando os consumidores para beneficiar os acionistas da empresa".