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Pibinho de 1,1%: "O problema maior não é o Coronavírus. É o neoliberalismo vírus", diz economista

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Imagem do site Recontaai.com.br

Brasil precisa estimular os investimentos, aumentar a produção e gerar emprego para voltar a crescer de verdade. Neoliberalismo não é a solução.

O governo Bolsonaro vem colocando na conta do Coronavírus o baixo crescimento do Brasil. De fato a pandemia está afetando a economia mundial, mas o vírus não é o principal vilão por aqui. “O problema maior não é o Coronavírus. É o neoliberalismo vírus”, alerta o presidente Conselho Federal de Economia (Cofecon), Antonio Corrêa de Lacerda.

Segundo Lacerda, o principal fator que explica o “pibinho de 1,1% em 2019” é a ausência de uma política econômica voltada para o crescimento. “A aposta do Governo é de uma fé inabalável na questão da privatização e liberação do mercado. Isso nunca foi parâmetro para viabilizar o crescimento. Não é só a força do mercado que vai fazer o País voltar a crescer”, explica.

Leia também: Pibinho de 1,1%: Crescimento do consumo familiar no 1º ano de Bolsonaro é o pior desde 2016

Mas o que é o neoliberalismo?

Em geral, podemos dizer que as características do neoliberalismo são o enfraquecimento do Estado e a diminuição drástica da participação estatal na economia, aumentando a concorrência.

A elevação do nível de concorrência seria atingida pela remoção ou simplificação das regras e abertura dos mercados. Já para reduzir a participação do Estado, os principais focos seriam as privatizações e limitações dos gastos do governo, evitando déficits fiscais e buscando manter níveis baixos de endividamento público.

No Brasil, a agenda neoliberal passou a ocupar o centro do debate a partir de 2015, firmando-se ainda mais no governo Bolsonaro. O ministro da Economia, Paulo Guedes, vem seguindo à risca essa agenda, colocando no centro das discussões as chamadas “pautas positivas”.

O presidente do Cofecon explica que a aposta no neoliberalismo não está dando certo em lugar nenhum e, no Brasil, não será diferente. “O que nós precisamos é estimular os investimentos, aumentar a produção e gerar emprego. Sem isso, a promessa de dobrar a taxa de crescimento não deve ser efetiva”, alerta Lacerda.

O PIB e os presidentes

Ao analisar a série histórica do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, vemos que ele muda constantemente. Em seu primeiro ano de governo, Bolsonaro esperava aprovação de reformas importantes e, com elas, um crescimento de 2,5%. Entretanto, a Reforma da Previdência foi aprovada e, diferente do discurso do presidente e do ministro Paulo Guedes, o crescimento esperado não veio. Mas será que ele virá em 2020?

Economistas não estão muito otimistas. O relatório Focus, divulgado nesta segunda-feira (2) pelo Banco Central (BC), mostra que a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) caiu de 2,20% para 2,17% em 2020. Por quatro semanas, o relatório mostrou uma estimativa com sucessivas quedas do PIB para 2020.

“Nada indica que esse cenário de baixo crescimento vá mudar”, finaliza Lacerda.

NeoliberalismoImagem: Dados do PIB no primeiro ano de cada mandato dos últimos presidentes do Brasil / Fonte: IBGE e Ipea Data