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PIB: "Somos os principais impactados com a recessão técnica", diz economista do Cofecon

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Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

O agravamento da crise econômica fez com que o País entrasse na chamada recessão técnica. O termo é utilizado quando o Produto Interno Bruto (PIB) registra dois trimestres consecutivos de queda.

O economista e conselheiro do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Carlos Eduardo Soares de Oliveira Junior, explica por que a recessão técnica traz um panorama não muito promissor para o Brasil.

"Há uma redução da produção e, como não há investimentos, não há uma geração maior de emprego. Ocasionalmente também há uma queda da renda da população brasileira", disse.

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Divulgado na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB do terceiro trimestre de 2021 registrou queda de 0,1% em relação aos três meses anteriores.

A quebra de safra da agricultura causada por eventos climáticos extremos, como o frio e a seca, prejudicaram o setor que compõe a maior parte do PIB brasileiro. Entretanto, se a crise climática foi a vilã do PIB, a heroína foi a vacina. Em uma análise mais detida, Oliveira Junior apontou a vacinação como um dos componentes que ajudaram a segurar a queda do PIB com o aumento do setor de serviços: "Ele estava represado, e conforme foi ocorrendo a vacinação, foi melhorando um pouco", afirmou.

"Os investimentos tiveram queda, assim como o comércio. A indústria teve crescimento zero e a agropecuária teve uma queda muito elevada, de 8%. Somente o setor de serviços teve uma elevação de 1,1%", destacou o economista.

Próximo trimestre: reafirmação da recessão ou saída do buraco?

Oliveira Junior não é muito otimista ao projetar o próximo trimestre, que definirá se o País vive uma recessão de fato ou se reverterá a tendência de queda do PIB. "Acredito que no próximo trimestre teremos dificuldades em avançar com relação ao PIB".

A culpa disso, segundo o economista, é a inflação elevada "que já atinge dois dígitos" e a decisão do Banco Central em elevar a taxa de juros. "A política de elevação da taxa de juros faz com que eventuais investimentos e empréstimos fiquem mais caros. Aí a população e os empresários ficam recesos em investir e o caminho natural, infelizmente, é de uma redução do PIB e não do crescimento".

O economista, porém, não acredita que essas disposições são imutáveis. Para ele, a redução de juros e o investimento na economia são fatores para que o País saia da crise. No entanto, alerta que em uma projeção de médio e longo prazo, essa não é a tendência. Além, disso, ressalta a falta de confiança com relação às medidas que o governo possa praticar. "Nós vamos ter uma dificuldade de retomada de crescimento", afirmou.