Um levantamento do Instituto Identidades do Brasil (IDBR) apontou que, no contexto da crise econômica em decorrência da pandemia do novo coronavírus, 30% das empreendedoras negras passaram a ter o auxílio emergencial de R$ 600 como principal fonte de renda.
A segunda fase da pesquisa “Saúde Financeira das Mulheres Negras em tempos de Covid-19” apontou que, enquanto a primeira etapa da investigação considerava que “o Auxílio Emergencial não seria o suficiente para garantia das despesas”, os dados mais recentes indicam “que se tornou indispensável para a manutenção do sustento de muitas dessas mulheres e suas famílias”.
A coleta de dados ocorreu entre os dias 17 e 21 de julho, através da participação voluntária em um questionário digital. A amostra – perfis com respostas validadas como completas – foi de 294 mulheres.
Ainda assim, há relatos de situações em que o auxílio não foi obtido.
“Meu negócio é minha única fonte de renda durante a pandemia e ficamos fechados durante 3 meses. Sou microempresária não tenho condições de ter capital de giro. Estava em fase de ter loja virtual, mas necessita investimento financeiro. Não consegui ainda o auxílio da Caixa. Os bancos não disponibilizam empréstimo nesse momento, eu tentei”, afirma de forma anônima uma mulher de Minas Gerais na pesquisa.
Das entrevistadas, 49% relataram ter empreendimentos informais, e 45%, formais. A pesquisa aponta que mais da metade (60%) optou por empreender por necessidade.
“Tinha um emprego formal e era freelancer . Fui demitida do emprego formal e empreender é a única maneira”, diz outro dos depoimentos anônimos do levantamento.
A realidade das empreendedoras negras é também majoritariamente (53%) individual. O percentual aponta a quantidade de negócios de mulheres negras compostos de apenas uma pessoa.
O impacto mais amplo da situação financeira das mulheres negras empreendedoras pode ser mensurado pelo fato de que, entra as que se declararam mães, 41% arcam sozinhas com os gastos com os filhos.