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Pedro Eugenio, presente!

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Imagem do site Recontaai.com.br

Por Beto Nascimento

E bateu meu tradicional horário de finalizar o trabalho, o atendimento aos clientes e, depois de muito tempo, não teve o Plantão Datagenio. Aquele simples post nas redes sociais que trazia notícias e opiniões dos bastidores da “corte” e do País, muito acessado pelos empregados da Caixa e que, não raro, fazia tremer e causar cólera na gestão do reizinho mandão, tamanho o potencial de debater e escancarar as contradições, autoritarismos, interesses e agruras que vivemos.


Infelizmente, ontem (24) a notícia que correu como rastilho de pólvora para desamparo, desespero e extremo pesar de todos, foi a do falecimento súbito do seu idealizador, o grande Pedro Eugenio Beneduzzi Leite. Empregado aposentado, ex-presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), defensor histórico dos bancários e da Caixa como instituição pública estratégica para o povo, soldado da democracia, combatente do obscurantismo que graceja no País e, infelizmente, em muitos bancários. Mas, antes de tudo, um grande exemplo de ser humano, que também falava sobre a importância de celebrar a vida e, com bom humor, saber tirar sarro das coisas simples do cotidiano, com leveza.


Infelizmente, não tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente, mas a notícia de sua morte me abateu fortemente, como se tivesse perdido um amigo, um familiar, uma referência e a pessoa mais importante da Caixa hoje. Tenho absoluta certeza de que para a grande maioria dos colegas, o sentimento foi parecido. Ficou um vazio, me emocionei muito e rezei para que Deus dê conforto para sua família.


Felizmente, em seu último Plantão, Pedro Eugenio ainda pode nos brindar com a histórica sessão do STF que desmascarou a parcialidade de Sérgio Moro nos processos contra Lula. Uma grande notícia celebrada com o tradicional “avante!!”. Mas, desde ontem, os “pombos” (como ele chamava seus informantes) voam agora em busca de um novo rumo, órfãos do seu porta voz, do seu Gregório de Mattos, que evocava mensagens de luta e de esperança. “Mas vocês vão superar!”, poderia estar dizendo Pedro agora.

Os engajamentos e mensagens no seu perfil nas redes sociais passaram de mil, até o momento de produção desse texto, e são prova do respeito, admiração e gratidão pelo seu exemplo de vida, de coragem e um atestado inequívoco de que a boa comunicação se faz com informações quentes, um bom texto, inteligência, independência, coragem, caráter e autoridade.

Infelizmente, ainda não vi por parte da direção da Caixa nenhuma manifestação pública de pesar e de respeito por Pedro Eugenio, talvez um indício da mesquinharia e da falta de sensibilidade do momento em que vivemos. A Fenae, Funcef, inúmeras APCEFs, Rita Serrano, dentre outros, o fizeram! Mas, quem tem um pouco do espírito crítico, sabe qual Pedro se imortalizará como defensor da Caixa, dos menos favorecidos, das suas lutas históricas (como a conquista das seis horas), de um País decente e será tido como exemplo de retidão e humanidade.

Se houvesse um Panteão dos Bancários, Pedro, o Eugenio, mereceria estar lá. Pode ser que ele receba, no momento apropriado, uma justa e adequada homenagem, pois tenho convicção de que na mente e coração de muitos ele foi uma espécie de Zorro ou de Hobbin Hood dos bancários, na sua luta inglória contra a perseguição, humilhação e desrespeito.


Talvez, lá no céu, ele já tenha sido comunicado, antecipadamente, do que já sentimos: os ventos de mudança, da esperança e da aguardada volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar. Afinal, alguém tem dúvida de que “vamos superar!?”


A nossa luta, na memória de Pedro, continua. Afinal, a união do rebanho faz o leão voltar para casa com fome. Pedro Presente!

*Beto Nascimento é o pseudônimo de um bancário. Ele assina com esse nome, pois é a única forma de garantir que não sofra perseguição.