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Miséria é perpetuada pela necessidade de sobreviver

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Imagem do site Recontaai.com.br

A economia comportamental explica como o imediatismo e a necessidade de sobreviver dificultam a superação da miséria.

A miséria se perpetua pois as pessoas pobres não conseguem pensar a longo prazo já que precisam lidar com falta de comida diariamente. “Miséria é miséria em qualquer canto, riquezas são diferentes” (Titãs)

A pobreza impõe às pessoas a obrigação de uma luta constante pela próxima refeição. Por isso, há uma mudança relativa ao processo mental de percepção do dinheiro e das funções econômicas das pessoas submetidas à miséria. Esse é o pressuposto que norteia a tese de doutoramento do professor Fernando Sérgio de Toledo Fonseca.

Segundo o trabalho, “…a baixa capacidade a aspirar e o viés do presente, potencializados pela condição de pobreza, comprometem severamente a capacidade de poupança e tomada de decisão em relação ao futuro dessas famílias. As escolhas que fazem perpetuam sua condição de pobreza.”

Para o estudo, o professor analisou famílias que moram e trabalham em assentamentos rurais no estado do Tocantins. Nesses locais, Fernando Sérgio econtrou assentamentos sem infraestrutura, saneamento básico e acesso difícil à saúde, educação e mesmo ao escoamento de suas pequenas produções.

Mesmo com a cessão dos lotes feitas pelo governo federal, por meio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), as famílias assentadas vivem na miséria. A situação se agrava durante o que o pesquisador chamou de “período da fome”, que é compreendido pela época de seca no Centro-Oeste.

A falta de capacitação profissional para lidar com a terra, o precário acesso à infraestrutura, o trabalho infantil e a carência de acesso aos bancos são os fatores citados na tese como pontos chave para entender a questão. A eles, são acrescidos a violência para expulsar assentados de seus próprios lotes e agiotagem.

A miséria é fruto do presente, mas se relaciona com passado e futuro

Se o imediatismo e as condições presentes fazem com que as famílias não consigam guardar dinheiro, o passado e o futuro também mostram seu peso na perpetuação da pobreza.

No passado, houve uma opção governamental em ceder os lotes sem nenhum tipo de benefício. Isso fez com que muitos dos assentados não conseguissem sequer desenvolver a agricultura de subsistência. Isso fez com que eles se endividassem para sobreviver, tendo assim que vender partes de seus lotes a outros proprietários. A esse fato, junta-se a violência dos que tomam à força as terras de outros.

O futuro também estende suas garras quando as comunidades não tem acesso à educação, à saúde e a outros direitos fundamentais. Isso impacta profundamente nas aspirações que essa população tem em relação ao futuro.

O trabalho desenvolvido pelo professor levou em conta a situação real das comunidades e, a pesquisa empírica, capacitou um conhecimento maior de dados “menos óbvios”. Cognição e psicologia – que são responsáveis pelas decisões econômicas dos indivíduos – caso fossem trabalhadas, poderiam ajudar a população a superar a miséria.

Confira a tese na íntegra clicando aqui.