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O bullying que os liberais fazem com o estado

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Imagem do site Recontaai.com.br

Em evento do Observatório da Democracia nesta quinta-feira (29), o professor Dr. José Celso Cardoso Júnior falou sobre os mitos liberais acerca do Estado Brasileiro.

Liberais fazem bulliyngo com quem pensa a economia de um modo diferente. Foto: Adriana Corrêa/Agência Senado

O Professor Dr. José Celso Cardoso Júnior é técnico do Ipea e ex-secretário executivo do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República, conversou com o Reconta aí sobre o tema.

Segundo o professor, o projeto liberal do momento não é de esvaziamento do Estado, como as pessoas imaginam tradicionalmente. Mas sim, sim o de minimizar a garantia de direitos e maximizar o processo de acumulação capitalista, garantindo lucros aos que já tem muito dinheiro.

A auto-regulação, que a teoria liberal deixaria a cargo da mão-invisível do mercado, só serviria para para garantir o lucro de poucas empresas. O estado ao privatizar todas as estatais, abrirá mão de produzir serviços e produtos que atendem direitos sociais da população e aumentará a repressão e o controle sobre a sociedade.

Privatização do setor produtivo estatal

O fim das organizações estatais de natureza pública é real. Não só serviços prestados diretamente, como saúde e educação, mas também empresas públicas especializadas nos dados para conhecer e pesquisar o Brasil. As instituições que fazem a produção científica como: IBGE, IBAMA, ICMBio, BNDES, FINEP, Univeridades, CNPq, Fiocruz, Anvisa, Inpe. Ao contrário do que possa parecer, não são casos isolados e problemas pontuais, mas um projeto que segue uma lógica privatista.

Os liberais dizem, mas é verdade que…

1. O estado brasileiro é anticapitalista e contra os interesses do mercado?
Essa é a principal falácia liberal, o estado foi o responsável pela implementação da dinâmica capitalista em todos os países, inclusive no Brasil. Históricamente nosso país atende muito mais os interesses do mercado do que da sociedade.

As empresas brasileiras são amplamente beneficiadas pelo estado, tanto que a maior parte do endividamento brasileiro é para atender aos interesses das empresas. E o pior, nem sempre produtivas, por muitas vezes apenas especulativas.

2. O Estado brasileiro é grande?
A nossa arrecadação tributária é compatível com a dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Porém é muito regressiva, os pobres pagam muito mais proporcionalmente a sua renda do que os ricos. A participação do emprego público no mercado de trabalho do Brasil é compatível com a dos países da OCDE, ficando inclusive abaixo das nações mais ricas.

3. O estado é ineficiente?
Do ponto de vista da área de infraestrutura, o estado entrega mais hoje do que há 30 anos atrás, com o mesmo estoque de gente (número de servidores). Por isso, é uma falácia dizer que o estado é ineficiente. Inclusive, a relação entre o número de funcionários públicos e o gasto com o PIB mantém-se a mesma entre 2004 e 2017, mostrando que esse trabalho enriquece o país.

4. Aprovar medidas de austeridade faz a economia crescer?
Não. A economia seguiu estagnada mesmo com o teto de gastos, a Reforma Trabalhista e a Reforma da Previdência. Na verdade , com a economia estagnada menos investidores criam vagas de emprego no setor produtivo, pois as pessoas não tem dinheiro para comprar os produtos. Assim, cria-se um ciclo vicioso, que faz com que o país não cresça, não haja aumento de receitas e os governos acabam cortando cada vez mais projetos sociais e serviços públicos.

“A austeridade, promete crescimento e entrega estagnação. Promete o fim dos privilégios e entrega uma catástrofe humanitária.”, conclui o professor Dr. José Celso Cardoso Júnior sobre as políticas econômicas liberais.