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Mudança climática escancara necessidade de novas fontes de energia

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Crise Hidrica 2

Provocados pela ação humana ou não, os efeitos da mudança climática já são realidade. No Brasil - cuja principal matriz energética depende de chuvas - esses efeitos têm gerado contornos trágicos para a população. Para além do consumo humano, a água para a geração de energia elétrica vem se tornado menos disponível, ao menos na Bacia do Rio Paraná: o maior reservatório do País sofre há 22 anos com a estiagem.

Ao contrário do que a gravidade da situação sugere, o investimento em Ciência, Tecnologia e Inovação não têm sido destinado a solucionar o problema. E mais: a privatização de companhias elétricas, como a da Eletrobras, diminui a capacidade do Brasil de planejar seu próprio setor energético.

Veja também:
- Privatização da Eletrobras pode aumentar em 14% a conta de energia
- Crise hídrica: farsa ou realidade?

Energia para além das hidrelétricas

De acordo com o Balanço Energético Nacional de 2021 da Empresa de Pesquisa Energética - empresa pública criada em 2004 no governo Lula - a oferta interna de energia registrou uma queda de 2,2% em 2020 com relação a 2019.

Segundo artigo de Heloise Lee Burnquist e Daniele Mendes Thame Denny, ambas pesquisadoras do Cepea/ESALQ-USP, "O Brasil é um dos poucos países em que o potencial de expansão na geração de eletricidade a partir de fontes alternativas, como de biomassa, fotovoltaica, eólica e de hidroelétricas, ainda pode ser considerado elevado".

Ainda que o Brasil possua enorme potencial para a energia eólica e a energia solar, elas correspondem a apenas 7,7% da energia consumida no País. Burnquist e Denny comparam essa situação aos países da Alemanha e China, que apesar de terem muito menos dias ensolarados que o Brasil, possuem mais energia solar do que o território brasileiro.

Os efeitos econômicos do desdém à mudança climática

Conforme o artigo de Burnquist e Denny, novamente a economia brasileira está sujeita a um risco de elevado de apagão. Isso sugere, segundo as autoras, "um problema recorrente de omissão na gestão pública (e privada) dos recursos naturais, que não incorpora mudanças climáticas no planejamento".

As consequências disso - somente no setor rural brasileiro - são devastadoras. Elas envolvem uma menor produção agrícola, escassez de produtos agroindustriais e aumento do preço dos alimentos. Além disso, a queda das safras também diminui a quantidade de exportações, reduzindo as reservas internacionais e diminuindo o valor de compra do Real. Um quadro, que de acordo com Burnquist e Denny, "pode levar a um aumento generalizado de preços, ou seja à inflação".

A privatização da Eletrobras

Hoje (13), o presidente Jair Bolsonaro sancionou a Medida Provisória que privatiza a empresa de energia Eletrobras. Em meio à crise hídrica e ao momento de planejar um futuro com menor disponibilidade de água, Bolsonaro abriu mão, em nome do País, de que a diretoria do Organizador Nacional do Sistema Elétrico devesse ser aprovada pelo Senado.

Os 14 vetos à MP - que agora é lei - vão todos em relação à defesa do mercado, sem atender a nenhum pedido dos trabalhadores ou às necessidades da sociedade.