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MST reagiu à crise econômica distribuindo alimentos para quem tinha fome, mostra pesquisa

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MST combateu a fome doando alimentos

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar no Brasil (Contraf-Brasil), Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) e o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) reagiram à crise econômica e à carestia distribuindo alimentos aos mais pobres.

Esse foi o principal achado de um estudo realizado por pesquisadores das universidades federais de Minas Gerais (UFMG) e do Rio Grande do Sul (UFRGS), em parceria com a Universidade Livre de Berlim, e publicado nesta quarta-feira (20) na “Revista Brasileira de Ciências Sociais” .

Além de distribuir comida, os movimentos rurais de produtores de alimentos ainda instensificaram ações de incidência no Congresso Nacional; criaram novos mercados e postos de distribuição e venda de seus produtos e criaram iniciativas que destacaram a importância do consumo de alimentos saudáveis para enfrentar a insegurança alimentar. “São iniciativas diversas e que podem ter desdobramentos importantes”, disse Marco Antonio Teixeira, um dos autores do estudo,

Doação, distribuição e valorização dos alimentos

O estudo foi realizado durante um dos períodos mais críticos da pandemia de covid-19 - entre março e setembro de 2020. O objetivo, além da identificação das inciativas dos movimentos, foi de classificá-las quanto ao tipo de ação, a área em que se localizou, a escala da ação e a fase do sistema (produção, distribuição, consumo), apontando para a diversidade de ações feitas no momento crítico.

Crédito: MST/ Imagem de divulgação

Assim como a diversificação, os pesquisadores perceberam uma forte inovação nas ações realizadas. Além da doação de alimentos in natura, feita pelo MST, os estudiosos se depararam também com a doação de comidas já prontas - as marmitas feitas em cozinhas solidárias. Essa forma de doação driblou a necessidade dos receptores de ter que cozinhar em suas casas, já que muitos deles não conseguiam comprar um botijão de gás por causa do aumento de preços.

Outro ponto inovador foi a intensificação de reuniões com membros do legislativo e judiaciário - chamada ação de incidência, advocacy ou lobby - para negociar e pressionar os atores institucionais a agir contra a fome que assola, ainda hoje, a população.

MST doa alimentos
Crédito: MST/ Imagem de divulgação

A criação de novos pontos de venda online de alimentos foi mais uma resposta à carestia. Surgida pela necessidade de encurtar as distâncias entre as zonas rurais e os centros urbanos, a criação de novos mercados surgiu como alternativa aos preços dos mercados tradicionais e acabou levando alimentos de melhor qualidade aos consumidores, evitando o pagamento dos atravessadores.

“A construção de mercados alternativos de alimentos, por exemplo, pode causar um rearranjo da ação política dos movimentos sociais que, até recentemente, têm olhado mais para o Estado e para a sociedade do que para o mercado", concluiu Marco Antonio Teixeira.

Com informações da Agência Bori