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"Kit intubação" tem aumento de preços de até 9.900% em 2 anos

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Composto por anestésicos, sedativos e bloqueadores neuromusculares, kit intubação teve aumento recorde e está em falta.

Conforme denúncia feita pelo vereador Professor Túlio (PSOL/ Niterói), um dos medicamentos do chamado kit intubação teve um aumento de 9.900% em apenas dois anos. A informação consta em uma matéria da Folha de S.Paulo, veiculada no dia 21 de março.

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Além do gigantesco aumento do preço de um dos medicamentos, o kit intubação está em falta em diversos hospitais de todo o Brasil. Isso amplia, ainda mais, o colapso do sistema de saúde ocasionado pela pandemia de Covid-19 no País.

Segundo a Dra. Maely Retto, conselheira do Conselho Federal de Farmácia (CFF) pelo estado do Rio de Janeiro, desde o início da pandemia os farmacêuticos sabiam que haveria desabastecimento; e vêm alertando sobre isso.

Quem controla o preço dos medicamentos no Brasil?

“O preço dos medicamentos no Brasil é tabelado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos da Anvisa (CMED)”, disse a Dra. Maey Retto. Ela alerta que muitas vezes há uma discrepância entre o preço das tabelas do CMED e a praticado no País. Segundo ela, o Tribunal de Contas da União (TCU) vem levantando – há muito tempo – questionamentos a respeito do tema.

No mesmo sentido, ela conta que a situação acontece somente com o kit intubação, ou com medicamentos ligados ao tratamento da Covid-19. “A gente vive uma realidade no Brasil de desabastecimento de medicamentos oncológicos, que já vem sendo reportada há muito tempo e de medicamentos que estão sendo descontinuados e que não há reposição”.

Os aumentos de preços autorizados

Para 2021, houve um reajuste de medicamentos que variou de 6% a 10%, relata a farmacêutica. Segundo ela, o aumento do dólar, do preço do frete, dos combustíveis e a própria inflação são fatores que forçam esses aumentos.

Um dos motivos para o Brasil ser tão suscetível a esses fatores está relacionado à falta de produção de medicamentos e insumos em território nacional. “Existe um abandono completo do complexo industrial da saúde. O Brasil é completamente dependente do comércio exterior para a produção de medicamentos”, afirma.

O que é o kit intubação?

Além dos medicamentos, o kit intubação também é compostos por outros materiais, como o laringoscópio e cânulas. De acordo com o enfermeiro do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de São Paulo, Leandro Batista de Oliveira, nas emergências atendidas pelo serviço, o mais comum é que não seja necessário aplicar medicações para realizar o procedimento. “Geralmente o paciente que precisa de intubação de emergência está desacordado”, relata.

Contudo, essa não é a realidade dos pacientes de Covid-19 nos hospitas do País. O efermeiro relata que como a perda de capacidade respiratória é progressiva, é necessário anestesiar o paciente.

O risco da falta de insumos na ponta, os hospitais

Como forma de lidar com o desabastecimento e a escassez de medicamentos, a Associação de Medicina Intensiva Brasileira e a Sociedade Brasileira de Anestesiologia soltaram uma nota conjunta em que se colocam à disposição dos governos para lidar com a situação. As entidades também têm divulgado recomendações para o uso racional de medicações e insumos nos hospitais.

Além disso, reafirmam que a falta de medicamentos ocorre em todo o País e que os aumentos ocorrem “por conta da inflação de preços da matéria prima”. Também apontam, assim como o relatado pela Conselheira Federal de Farmácia, que a produção da indústria farmacêutica nacional chegou ao limite.

Soluções, ou a incapacidade de dar soluções

“Se o Governo Federal tivesse se proposto a fazer uma grande compra, com poder de negociação, de importação e produção para garantir os medicamentos, tudo isso poderia ter sido evitado”, ressalta a Dra. Maey Retto.

A consequência dessa falta de política pública para o setor também é apontada pelo vereador Professor Túlio: “Com o aumento de preço de remédios que são essenciais para intubação, tendo em vista que o momento pede urgência, os municípios, estados e a União vão precisar destinar maiores dotações orçamentárias para a aquisição desses itens”.

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