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Invasão ao Conecte SUS: Uma semana sem serviços e sem explicação

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conect sus - Marcelo Camargo/Agência Brasil

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Milhões de brasileiros estão sem conseguir acessar o certificado de vacinação online desde o ataque digital sofrido, há uma semana, pelo Conecte SUS e pelo Ministério da Saúde. Gabiela Oliveira, por exemplo, precisava do comprovante para fazer uma viagem internacional e não conseguiu. "Tive que recorrer ao aplicativo e-saúde SP, onde consegui obter os documentos necessários".

Porém, nem todos os cidadãos que necessitam dos comprovantes terão a mesma sorte que Gabriela. O aplicativo utilizado por ela só serve para quem se vacinou na cidade de São Paulo, uma tecnologia que nem todas as prefeituras podem disponibilizar para os cidadãos.

Além dos problemas por quais estão as passando as pessoas que precisam comprovar com um documento oficial a vacinação para diferentes fins, ainda há outros. Quem alerta Sérgio Amadeu, professor da Universidade Federal do ABC e pesquisador de redes digitais. Segundo ele, a postura pouco transparente dos gestores da saúde sobre o ataque, em especial de tecnologia da informação do Ministério da Saúde, gera enormes suspeitas.

"Será que é um grupo de invasores antivacina? Será que contaram com o apoio do Ministério da Saúde? Será que são apoiadores do presidente?", são questionamentos levantados pelo professor e que passam pelas cabeças de muitos que debatem esse tema. A verdade, conforme explica Amadeu, é que ainda não se sabe sequer qual foi o tipo de ataque, quais foram os dados perdidos e se há como recuperá-los.

Conecte SUS e a segurança de dados

Apesar da autoria do suposto ataque ter sido requerida pelo grupo LAPSU$$, ainda não é possível definir de onde veio o ataque ou a sua motivação. Porém, a quem interessa ter uma base de dados como essa? Segundo a campanha Salve Seus Dados, interessa a muita gente: "Pode parecer um clichê, mas sempre repetimos: atualmente os dados são o novo petróleo", afima um dos participantes da campanha que prefere não se identificar.

"A Salve Seus Dados foi criada para alertar a população sobre a necessidade de investimento público na segurança dos dados dos cidadãos e contra a privatização das duas maiores empresas de TI do Brasil", confirma o funcionário da Dataprev.

O fato é que nem o site do Ministério da Saúde e o Conecte SUS estavam a cargo das duas empresas públicas; ao contrário, ambos são geridos pela iniciativa privada. A proteção dos dados pessoais dos brasileiros precisa ser tratada com mais seriedade pelo governo, segundo Amadeu.

"É um momento que há uma ação deliberada do governo pressionando pela privatização. As empresas estão sofrendo cortes e há um certo desprezo pela sua gestão", explica o professor. "O que está acontecendo hoje em relação aos sistemas digitais do Governo é equivalente a colocar no momento mais grave da pandemia o Ministério da Saúde nas mãos de um general e não de um médico", conclui Sérgio Amadeu.