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Grito dos Excluídos: Manifestações por democracia no 7 de Setembro existem há 27 anos

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7 de setembro

Se Jair Bolsonaro tem utilizado o 7 de Setembro para convocar atos para ameaçar as eleições e os outros Poderes da República, a tradição de utilizar o simbolismo da data existe continuamente há 27 anos. Ao contrário dos protestos bolsonaristas, o Grito dos Excluídos nasceu reivindicando que as promessas da Constituição de 1988 se realizassem.

Por conta do cenário político brasileiro, em 2021 esta tradição, nascida de setores da Igreja Católica e outras denominações religiosas, acabou se tornando ponto de convergência para as manifestações em defesa da democracia, juntando movimentos sociais, entidades sindicais, organizações ecumênicas - que tradicionalmente compõe o Grito - com outros setores sociais.

A CNBB divulgou uma carta de apoio à realização do Grito dos Excluídos de 2021.

"O avanço do desmonte de direitos sociais e do próprio estado democrático com a disseminação da cultura do ódio sustentada pelas notícias falsas manifestadas nas redes sociais também são sinais do descaso pela vida", escreveu José Valdeci Santos Mendes, bispo de Brejo (MA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora da CNBB.

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Desde 1962, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realiza a Campanha da Fraternidade durante a Quaresma. No início, a atividade era voltada para a arrecadação de fundos para a solidariedade e assistência social. Com o passar dos anos, os assuntos abordados foram se conectando cada vez mais com as grandes questões nacionais. Em 1985, por exemplo, o tema estava relacionado à reforma agrária: Fraternidade e Terra.

A cada ano, setores sindicais, estudantis, organizações feministas, entre outras, foram aderindo às edições do Grito dos Excluídos e Excluídas.

Em 1995, a Campanha da Fraternidade teve como tema "A Fraternidade e os Excluídos". O lema daquela edição foi "Eras tu, Senhor?", em referência à passagem bíblica na qual Jesus afirma que o exercício da solidariedade a quem é excluído é um exercício de solidariedade ao próprio Cristo.

Naquele ano, em meio às políticas liberais que eram implementadas no Brasil, os movimentos populares que participavam da Campanha decidem utilizar o 7 de Setembro para que o processo também tomasse as ruas. Nascia o primeiro Grito dos Excluídos.

Ainda hoje, o Grito dos Excluídos conta com a parceria da CNBB, mas é organizado coletiva e autonomamente por movimentos populares. Em 2021, o tema da mobilização é “Vida em Primeiro Lugar”, e o lema “Na luta por participação popular, saúde, comida, moradia, trabalho e renda já!”.

"Há que se destacar, ainda, o aprofundamento das desigualdades sociais, o aumento da fome, do desemprego, fruto do avanço do poder financeiro sobre a Constituição brasileira e ao aumento do lucro dos bancos, institucionalizando ainda mais os seus privilégios. O avanço dos grandes projetos sobre as terras indígenas, povos quilombolas, pescadores e as agressões ao meio ambiente tem sido outra marca da atual política", complementou Mendes na carta de apoio ao Grito.