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Fome no Brasil tem origem política, diz ex-presidente do Consea

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Insegurança Alimentar

Mais da metade dos brasileiros vive algum grau de insegurança alimentar ou fome, de acordo com a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan)

Em apenas seis anos, o Brasil saiu e voltou ao Mapa da Fome. Se em 2014, cerca de 3,6% da população estava em situação de insegurança alimentar grave, em 2020 esse número quase triplicou, chegando a 9% dos brasileiros. O aumento dessa estatística mostra que hoje, 19,1 milhões de habitantes passam fome.

Contudo, o problema é ainda maior. A insegurança alimentar atinge mais da metade da população do País. Segundo Francisco Menezes, analista de Programas da ActionAid e ex-presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), mais de 50% das pessoas enfrentam algum nível de insegurança alimentar; seja grave, moderada ou leve. Em outras palavras, essas pessoas não têm acesso às calorias ou nutrientes necessários por dia.

O aumento da fome não tem a pandemia como única culpada

Menezes aponta que a fome no Brasil tem origens políticas. Ainda que a pandemia tenha agravado a situação, o ex-presidente do Consea vê as origens da fome de hoje na descontinuídade de programas federais, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e dos estoques reguladores da Conab.

Além das políticas relacionadas diretamente com alimentos e com a aquisição deles - como o Bolsa-Família e o auxílio emergencial - Menezes cita um arcabouço mais complexo. Segundo ele, a Emenda Constitucional nº 95 (do Teto de Gastos) e a Reforma Trabalhista geraram a "precarização do trabalho", contribuindo para o cenário atual.

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No mesmo sentido, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) explica em nota que apesar da alimentação ser um direito constitucional, a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional tem sido negligenciada no País.

Janine Giuberti, coordenadora do do programa de Alimentação do Idec, afima: "A agenda da fome não pode ser banalizada e discutida de forma enviesada sem atacar os problemas estruturais que realmente merecem destaque, cujas raízes estão relacionadas às desigualdades sociais, falta de emprego, falta de acesso a políticas públicas, como auxílio emergencial e ao Bolsa Família".

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Com informações da Revista Radis da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz e Agência Brasil.