Estudo realizado pelo Ipea aponta que a desigualdade de acesso ao transporte urbano aprofunda a desigualdade social.

Negras, negros e população de baixa renda são prejudicados pela falta de oferta de transporte público de qualidade para as periferias. Essa é parte da conclusão do estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nas 20 maiores cidades do Brasil.
O estudo auferiu que pessoas que moram na periferia têm prejuízo no acesso à “oportunidades de empregos, serviços de saúde e educação”. Isso contribui para a desigualdade. O estudo é fruto da parceria do Ipea com o Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP).
“Os padrões de acessibilidade urbana afetam as condições econômicas e sociais das pessoas e têm impacto sobre desempenho econômico e ambiental das cidades”, disse um dos autores do estudo, o doutor em Geografia e pesquisador do Ipea, Rafael Pereira.
Levando em conta não só o nível de renda, mas também critérios raciais, o estudo apontou que a exclusão social no Brasil tem cor.
Detalhando o impacto do transporte
São Paulo foi eleita como a cidade mais desigual. Nesta capital, levando em conta a mobilidade urbana, o número de empregos acessíveis aos 10% mais ricos é nove vezes maior do que os acessíveis aos 40% mais pobres.
Já o Rio de Janeiro, por suas características geográficas, tem um nível de desigualdade menor. A população mais pobre está concentrada nas favelas, que ficam nos morros próximos ao centro.
Além do acesso ao trabalho, o trajeto que as pessoas fazem para ter saúde e educação também foi levado em conta.
A pesquisa teve uma metodologia bastante abrangente. Combinou registros administrativos, pesquisas amostrais, imagens por satélite e mapeamento colaborativo. Os dados vieram não só do Censo 2010, mas também dos ministérios.
Os resultados estão disponíveis em uma plataforma interativa. A consulta pode ser feita por cidade, meio de transporte e atividade (trabalho, saúde ou educação).