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Fala Aí, Bancário: De “parasitável” a irrepreensível

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Imagem do site Recontaai.com.br

Beto Nascimento é o pseudônimo de um bancário que não pode se identificar por receio de retaliações. Neste artigo, ele faz uma analogia entre o desprezo dos dirigentes e do governo, quando comparou funcionários públicos a parasitas, com o esforço dos empregados da Caixa no trabalho contínuo para ajudar o País

Chega a ser “chover no molhado” dizer que os bancários da Caixa estão tendo um comportamento heroico no atendimento à população brasileira mais necessitada nesses tempos de pandemia, com reconhecimento público da população, elogios rasgados na imprensa e que pode ser comprovado nos vídeos testemunhais que circulam via WhatsApp.

Some a isso os números recordes e impressionantes de atendimentos, acesso aos canais pelos clientes, cadastro e pagamentos de benefícios que são apresentados e veremos que a instituição já está marcada positivamente, mais uma vez, na história do Brasil.

Estamos dando um banho de eficiência em muitas “fintechs” que têm por aí.

Como bancário, já antigo, me orgulho muito de fazer parte dessa história. Mas essa não é a primeira vez que vejo isso acontecer: também foi assim quando pagamos bilhões de reais do FGTS dos Planos Econômicos; foi assim quando fomos desafiados a contratar um milhão de casas populares pelo Minha Casa Minha Vida; foi assim quando pensamos, criamos e fizemos a gestão de um dos maiores programas sociais do mundo – o Bolsa Família – e também foi assim quando pagamos o FGTS de contas inativas para milhões de brasileiros. Só para exemplificar com episódios mais recentes, de vários governos.

Falácias

Mas tão simbólico quanto isso é como esse fato, somado ao trabalho fantástico
do SUS e da DATAPREV, desmontam cinco grandes falácias do governo e dos
seus gestores. A primeira delas a de que somos “parasitas”, “filhos drogados”,
ineficientes e um peso para a nação.

A segunda, a de que o Estado tem que ser mínimo: dá para imaginar o tamanho do estrago que seria se não tivéssemos esses agentes atuando para segurar a onda?

Já a terceira delas, a grande mentira de que os Bancos Públicos estavam quebrados. Se assim fosse, a Caixa conseguiria demonstrar todo esse vigor e estrutura de apoio nesse
momento? E a auditoria do BNDES, que demonstrou que não houve
desmandos no Banco?

A quarta falácia é a que mais evidencia o desprezo dos dirigentes quanto aos bancários, que durante essa gestão sabem que podem ser transferidos à revelia, têm seus cargos e unidades extintos da noite para o dia, até hoje; sofrem com uma reestruturação bizarra e trabalham amontoados nos prédios administrativos da empresa onde se abarrotam nos elevadores. E o pior, sofreram tudo isso antes dessa crise e não veem a gestão e o governo
apresentarem, até agora, nenhuma campanha ou atitude digna, inteligente e eficiente que reconheça o esforço de nós bancários e que amenize a situação desesperadora de aglomeração em nossas unidades.

Deve ser constrangedor e vergonhoso para o governo constatar que são esses menosprezados que seguem uma carreira de estado, os únicos a ainda dar
alguma pauta positiva na mídia.

Afinal, o senhor Paulo Guedes – (e seus pupilos) – agora tímido e recolhido a um papel minúsculo nessa crise, constata que está errado em tudo o que tem dito. Deve ter sonhos estranhos imaginando a hipotética situação de ter que dar o braço a torcer, obrigado a reconhecer em público o belo desempenho dos servidores, fiéis ao seu dever.

E, como num passe de mágica, tudo se transforma num pesadelo horrendo, ao se enxergar no espelho agora límpido e lavado, provavelmente, por uma empregada doméstica e se surpreender com quem de fato são os parasitas: aqueles alçados aos diversos escalões do governo por critérios políticos, que não manjam nada de administração pública e cujo único atributo visível, de fato, é carregar em si mesmos os vícios que tanto criticam nos outros.

Parabéns bancários, parabéns empregados da Caixa. A hora é de continuar trabalhando para ajudar o País, os nossos clientes e o povo. Mas não se esqueça que a luta pelo respeito, reconhecimento, por seus direitos e pela justiça não acaba aqui.