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Eleições 2022: Subida e queda dentro da margem de erro devem ser olhadas com cautela

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Polarização Lula Bolsonaro quaest julho 2022

Foi divulgado nesta quarta-feira (6) o resultado da pesquisa Genial/Quaest de julho - um levantamento que consolida um ano de estudos do mesmo instituto sobre a corrida eleitoral de 2022, cujo primeiro turno se dará em outubro. Nela, os resultados da disputa eleitoral se mantêm, com Luíz Inácio Lula da Silva na dianteira e o atual presidente Bolsonaro atrás.

Contudo, os valores deste levantamento trouxeram uma diminuição na diferença de intenção de voto entre os líderes da sondagem. Na pesquisa espontânea, quando somente é perguntado em quem o respondente prefere que ganhe, Lula alcançou 45% e Bolsonaro 31%. Uma diferença que, conforme revela Felipe Nunes, diretor do Quaest, professor da Universidade Federal de Minas Gerais e especialista em pesquisas de opinião e redes sociais, diminuiu em relação à pesquisa passada, do mês de junho, quando o resultado era 46% para Lula e 30% para Bolsonaro.

A análise de Felipe Nunes

Em sua rede social, Nunes informou que essa queda na diferença entre os principais candidatos se deu porque "Bolsonaro conseguiu passar a impressão de que está tentando resolver os problemas do povo". Entre as ações descritas pelo especialista e medidas na pesquisa, estão a transferência da culpa do aumento do preço dos combustíveis de Bolsonaro para a Petrobras, a imagem de que Bolsonaro vem se mobilizando para baixar o preço dos combustíveis e a elevação do valor do Auxílio Brasil. Atitudes que segundo Nunes acredita, têm potencial para alavancar a imagem do atual presidente.

Conforme a análise de Nunes, dois escândalos atrapalharam essa recuperação na imagem de Bolsonaro: a prisão do ex-ministro da educação, o pastor Milton Ribeiro, e os casos de assédio sexual atribuídos ao ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães.

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A análise de Alberto Carlos Almeida

Para Alberto Carlos Almeida, professor da Universidade Federal Fluminense e executivo da consultoria Brasilis, essa variação entre os dois meses não é tão relevante. Isso porque ela está dentro da margem de erro: 2 pontos percentuais para cima ou para baixo. "A margem de erro da diferença é o dobro da margem de erro dos percentuais", explica Almeida. "Como a margem de erro dos percentuais é 2 pontos percentuais, a margem de erro da diferença é 4 pontos percentuais. Como (a distância entre os candidatos) caiu 1 ponto percentual, 1/4 da margem de erro, não caiu. Ou seja, não mudou", analisa.

Outro ponto de dissenso entre os especialistas diz respeito às subamostras da pesquisa, que enfocam segmentos específicos, como região, gênero e faixa de renda dos entrevistados. "Quando se reduz a amostra, a margem de erro vai para 5 pontos percentuais. Já a margem de erro da diferença, que é o dobro da margem de erro da diferença é de 10 pontos percentuais".

Baseado nos conceitos metodológicos, Almeida afirma que é necessário ter cautela para afirmar que realmente houve uma mudança importante na distância entre os candidatos. Almeida acredita que esse tipo de análise, do porque Bolsonaro subiu na pesquisa, feita em cima de um resultado quantitativo, pode ser falho. "Se Bolsonaro tivesse caído, também existiriam muitos microfatos que explicariam a queda", afirma.

"Se Bolsonaro de fato melhorou, é preciso que esse resultado seja referendado por outras pesquisas, fora da margem de erro", finaliza Almeida.