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Dos Flintstones aos Jetsons – o trabalho nos EUA

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Imagem do site Recontaai.com.br

Dos Flintstones aos Jetsons: famílias norte-americanas retratadas em desenhos animados mostram o futuro do trabalho imaginado e a realidade que alcançamos.

O mundo do Trabalho dos Flinstones aos Jetsons.

Flintstones e Jetsons têm muito mais semelhanças do que parece. E não só em relação aos seus traços, dos geniais cartunistas Hanna e Barbera. Os dois desenhos representam a família urbana e branca real dos Estados Unidos na década de 1960.

Dos Flintstones

Fred carrega pedra. Fred carrega pedra, e que trabalhador nunca sentiu que sua rotina é assim?

Os Flintstones representam as relações de trabalho existentes na época da criação do desenho animado. Fred era o pai, provedor da casa, trabalhador industrial típico ou “Blue Collar”, como categorizado nos Estados Unidos.

Seu trabalho envolve força física, é repetitivo e supervisionado pelo seu chefe o tempo todo. Essa relação de trabalho representa o modo de produção Taylorista. O Taylorismo foi a primeira metodologia científica de gestão para as fábricas.

Antes disso, as fábricas eram desorganizadas, menos eficientes e as relações de trabalho eram ainda mais violentas. Inspirados nas doutrinas militares, patrões aplicavam advertências e até castigos físicos enquanto obrigavam os empregados a se uniformizar, desde as roupas, aos comportamentos.

Portanto, Fred era atual. Tinha acesso a um emprego comum à época: físico, maçante e alienado. Sua função poderia ser ocupada por qualquer outro homem pré-histórico e ele aguentava os abusos, abandonava a igualdade civil, pois dependia econômicamente da empresa.

Aos Jetsons

Vigiar e punir e reponder a todo momento seu chefe. Vigiar, punir e reponder a todo momento a seu chefe.

Já o George Jetson representava o futuro imaginado na década de 60 do século XX. Imaginava-se que com o tempo haveria um grande avanço da tecnologia. Com isso, a maior parte dos trabalhadores seria “White Collar”, ou seja, fariam trabalhos intelectuais, criativos e sem desgastes físicos.

No passado, imaginava-se um futuro com automação, robôs e algoritmos. E, incrivelmente, imaginava-se também que haveria novas formas de vigilância sob os trabalhos. George faz ‘home-office’ e é controlado à distância por seu chefe.

Essas previsões acertadas mostram que o mundo digital não libertou as pessoas do trabalho. Ao contrário, aumentou a exigência física e mental do trabalhador e as formas de vigilância sob ele.

Dos Flintstones aos Jetsons

Dos Flinstones aos Jetsons estamos todos no mesmo barco. E ele está frurado. E não é que eles dividem o mesmo mundo, o atual?

Cássio Casagrande, professor da Universidade Federal Fluminense, idealizou esse raciocínio. Segundo ele, existe no imaginário a percepção de que haja uma progressão na implementação de novas formas de produção. Porém, não é o que se observa na realidade.

Atualmente, nos Estados Unidos, coexistem as formas de trabalho Taylorista, Fordista, Toyotista e ‘Uberista’. Ao contrário do que imaginaram Barbera e Hanna, o futuro chegou e ele não é pós-industrial, mas sim hiper-industrial.

Quase todos os trabalhadores dos Estados Unidos trabalham sob uma mistura de traços de todos os modos de produção. Mesmo fora das fábricas propriamente ditas, já que maior parte dos trabalhadores está no comércio varejista, indústria da alimentação e bancos, os trabalhadores são sujeitos ao controle e à subordinação. E mais, a jornada trabalhista de 1/3 dos trabalhadores trabalham mais de 45 horas por semana ou mais.

Ou seja, dos Flintstones aos Jetsons há a necessidade da proteção ao trabalhador e do Direito Trabalhista.