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De Lula a Bolsonaro: desindustrialização avança e joga trabalhadores na informalidade

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desmonte industrial

O sonho de desenvolvimento não é mais o mesmo. Abandonamos um modelo de industrialização e nos concentramos na produção de commodities. O resultado pode ser visto em todos os centros urbanos: desemprego, miséria e milhões de trabalhadores jogados na informalidade. É uma nova visão de futuro.

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Sobre a tão falada desindustrialização em curso: segundo o último levantamento do IBGE, em 2019 o Brasil tinha 306.300 indústrias, já demonstrando um encolhimento de 8,5% em relação 2013. Em apenas seis anos, o País perdeu 28.700 empresas – só este encolhimento acarretou na perda de 1,4 milhão de postos de trabalho.

Em relação ao PIB, os números sobre a participação industrial em sua composição podem ser enganosos, já que incluem os setores da agropecuária e do extrativismo, que cresceram no mesmo período. Mas o setor da indústria de transformação, que envolve maior transformação tecnológica, vem atingindo mínimas históricas em 2019 e 2020, caindo de uma participação de 11,79% do PIB em 2019 para 11,30% em 2020. Este é o menor patamar desde quando o IBGE inicia a série histórica de contas nacionais, em 1947.

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A soma dos setores agropecuário e extrativista ultrapassou o da indústria manufatureira. Segundo dados da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), o setor do agro chegou à participação de 6,5% em 2019 e 6,8% no PIB em 2020. Os números de 2021 devem chegar a 7,9% e a expectativa é que alcance 8,3% do PIB nacional neste ano.

A opção consciente por esse modelo provoca impactos diretos em empregos, salários, meio ambiente e qualidade de vida. Talvez por isso que o segmento que mais cresce no Brasil seja o de trabalhadores por conta própria, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE. No trimestre encerrado em julho de 2021, autônomos chegaram ao patamar recorde de 25,2 milhões de pessoas, um aumento de mais 1,1 milhão de pessoas em relação ao trimestre anterior.

Há um projeto de futuro embutido nessa transformação. Caminhamos para ser um grande produtor de alimentos, minérios e energia. Ao mesmo tempo em que se privilegia esses setores, corta-se investimentos em ciência e tecnologia relacionados a políticas industriais. O cenário de uma grande fazenda ponteada por áreas de mineração parece ser o ideal a ser alcançado.