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Crise energética gera forte impacto ambiental no Brasil, alerta IEMA

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Crise Hidrica 2

A crise hídrica - e a consequente crise energética - têm um forte impacto no meio ambiente. Em nota técnica, o Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) explica que isso acontece porque com a falta de chuvas e o desabastecimento dos reservatórios hídricos utilizados para abastecer as usinas hidrelétricas, houve o acionamento das termelétricas movidas a combustíveis fósseis, como carvão, derivados do petróleo e gás.

Por cona disso, o IEMA espera um grande aumento das emissões de gases de efeito estufa provenientes do setor elétrico, com impactos na qualidade do ar, limitações para a ampliação das demais fontes renováveis e um potencial agravamento da crise hídrica no futuro, caso se mantenha a estratégia das termelétricas em detrimento das energias renováveveis.

“Para evitar quadros futuros de risco de abastecimento, indica-se que o planejamento reveja os critérios para a contratação de energia no médio e longo prazo, evitando o cancelamento de leilões do ambiente regulado, como foi o caso em 2020, ou a baixa contratação registrada nos últimos leilões de energia nova e existente”, explica Ricardo Baitelo, coordenador de projetos do IEMA.

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Respostas à crise hídrica de hoje podem pautar o futuro da questão

Com a emergência climática batendo à porta do Brasil hoje, as respostas à crise atual poderão pautar o planejamento futuro do setor energético brasileiro. E, conforme a nota do IEMA, o acionamento das termelétricas deverá ter um importante impacto no futuro - por causa da emissão dos gases do efeito estufa - com o risco de piorar as secas já vivenciadas no País.

As opções políticas utilizadas atualmente para lidar com a escassez de água e energia hidrelétrica - os leilões de energia elétrica e a Lei 14.182/2021 - determinaram a inserção de 8 GW de termelétricas a gás natural operando em tempo integral. Em quinze anos, isso acarretará a emissão de 260,3 toneladas métricas de dióxido de carbono. Para se ter uma ideia, isso é mais do que as emissões de todo o setor de transportes em 2019.

Usinas termelétricas também demandam água

Apesar da utilização de água das usinas termelétricas serem menores, essa forma de gerar eletricidade também demanda água para o seus sistemas de resfriamento. Segundo o IEMA, 23 das 57 termelétricas cadastradas nos leilões propõem a utilização de água doce para tal, e pior, proveniente de bacias hidrológicas com balanço hídrico crítico ou muito crítico.

Além disso, apenas 18 dessas usinas ficam em municípios servidos por uma ou mais estações de monitoramento da qualidade do ar. Um instrumento fundamental para "saber a concentração de poluentes no ar respirado pela população local", conforme revela a nota técnica.

Energia eólica e solar são a solução ambiental mais correta, mas são desconsideradas no âmbito político

Nos últimos vinte anos, o Brasil o reduziu sua dependência de energia gerada por hidrelétricas. Porém, ainda em 2020, 65,2% da energia consumida pelo País foi gerada a partir da água. Um cenário que tende a ser cada vez mais raro em um contexto de mudanças climáticas em nível global.

A diversificação de matrizes energéticas é urgente, e a única possibilidade para sustentar o crescimento econômico que o País precisa para superar a pobreza e a desigualdade. Contudo, a energia gerada por termelétricas parece ser uma opção ruim no curto e, principalmente, no longo prazo, respectivamente pelo preço aos consumidores e pelo preço ambiental a se pagar.

“A segurança da oferta de eletricidade pode ser garantida pela contratação de fontes renováveis flexíveis e termelétricas à biomassa. O desenvolvimento das regras para a regulação de sistemas de armazenamento de eletricidade no sistema elétrico permitirá sua inserção ao longo desta década, apoiando a descarbonização da matriz", conclui Baitelo.