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CPI da Pandemia, dilemas e possibilidades do Congresso

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Depois de um processo de despolitização da opinião pública levado a cabo pela mídia com muito empenho, o brasileiro se tornou, em todas as classes e ambientes, um ser eleitoral. Do ambulante ao parlamentar, todos discutem política apenas em termos eleitorais. Estamos no início de 2021 e todas as falas, todos os cálculos, dizem respeito às eleições de 2022.

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A possível CPI da Pandemia pode ser a chave de um permanente debate político – que não deixará de lado, nem por um momento, as eleições do ano que vem. Os partidos da direita, incluindo o famigerado Centrão, manifestam claramente um desejo de “descolamento” de imagem. A cada dia em que a pandemia avança, eles procuram se afastar da gestão governamental da saúde. Para piorar a situação da direita, a elegibilidade de Lula veio assombrar de vez o governo atual e seus desejos de perpetuação no poder por vias eleitorais. Quais as possibilidades de ser associado à incompetência que transformou o País em um imenso cemitério e ir bem no pleito de 2022?

O primeiro dilema vem sendo o mais difícil: construir o afastamento e manter a dubiedade. Abocanhar as emendas parlamentares, os cargos de segundo e terceiro escalão dos ministérios, manter o poder sobre as comissões da Câmara e do Senado. Os novos presidentes das Casas têm se esforçado em prolongar esse jogo, mas é bom lembrar que Maia já deixou o cargo sob a pecha da covardia, a não aceitar colocar na mesa quaisquer dos pedidos de impedimento. Os atuais chefes das Casas talvez não se arrisquem a tanto.

A CPI da Pandemia poderia dar ao Congresso a responsabilidade da qual se eximiu até o momento, preferindo ser um coadjuvante covarde do genocídio impetrado pelo Executivo. Desvincularia de vez sua imagem de uma presidência patética e desorientada. No entanto, outros dilemas surgiriam. Pazuello, o general expiatório, o serviçal mais explícito dos delírios bolsonaristas (os anteriores e o atual também o são, mas com algum decoro e ânsias de autopreservação), seria a principal vítima. Mas seria impossível desatarraxar essa porca sem atingir o parafuso presidencial. E, mais ainda, sem manchar a imagem já desgastada dos fardados estrelados que se aboletaram no poder.

Mas, apesar dos riscos, há uma vantagem: o Congresso se acovardou também em relação ao auxílio emergencial, que se tornou uma esmola frente ao desemprego, a inflação e à doença. A CPI seria uma jogada midiática para se livrar do jugo do presidente e, ainda por cima, eximir-se da miséria do auxílio.

Se a CPI da Pandemia continuar sendo uma possibilidade, será uma lâmina no pescoço do Planalto. Por enquanto, é só mais uma peça de barganha. Mas os parlamentares sabem que é o caminho mais sensato, seguro e midiático para um impedimento. E para saírem ilesos do desastre crescente que o vírus e o descaso vêm causando e não há mais como esconder.

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