O relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, que será lido por Renan Calheiros (MDB-AL) na próxima quarta-feira (20), virou motivo de tensão entre os integrantes do órgão, inclusive entre o chamado G7 - nome que um grupo de sete senadores independentes e da oposição recebeu por sua atuação constante.
A antecipação na imprensa de que Calheiros pretende colocar em seu parecer uma lista de 11 crimes que Jair Bolsonaro (sem partido) teria cometido causou desconforto. A primeira questão é que o relator não debateu com senadores próximos na CPI. Parte deles passou a reclamar que o emedebista foi pouco colaborativo durante os trabalhos da Comissão, e o "vazamento" foi avaliado como uma tática de Calheiros para tratar sua versão do documento como a definitiva.
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Na visão desconfiada de alguns, Calheiros busca evitar tanto a inclusão de novas acusações como também, e principalmente, evitar que as propostas por ele sejam retiradas, constrangendo senadores que poderiam recear o rótulo de alinhados ao Governo Federal.
Sem consenso, as previsões para votação do relatório agora se tornaram mais instáveis - e uma série de reuniões unilaterais têm sido realizadas para se tentar que não haja um debate público que faça com que a CPI termine como um palco de divergências, fazendo com que ela perca o capital político que acumulou.
Além de propor o indiciamento de várias pessoas, apontando possíveis crimes, o relatório ainda deve fazer recomendações legislativas, como a criminalização da divulgação de notícias falsas quando se sabe que são evidentemente infundadas.