José Ricardo Santana, ex-secretário de Medicamentos da Anvisa, afirmou não ter relação próxima com a médica Nise Yamaguchi, tida como uma das integrantes do chamado gabinete paralelo.
Ele, entretanto, reconheceu à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado que chegou a se reunir com a médica para debater a retomada da economia e levar uma proposta ao governo. Santana, assim, é visto como um elemento que possivelmente fez a ponte entre os processos de negociações de vacinas e a formulação de propostas de empresários e médicos negacionistas.
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Durante a sessão desta quinta-feira (26), o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), passou a empregar a expressão "governo paralelo", expressando a ideia de que boa parte da gestão da saúde durante a pandemia funcionou foram dos procedimentos e autoridades oficiais.
O depoente, amparado por habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), se recusou a prestar compromisso de dizer apenas a verdade.
Santana participou do já famoso jantar - ou "chopp" - junto com o policial militar Dominghetti, que supostamente representava a empresa Davati, e Roberto Dias, do Ministério da Saúde. Segundo o militar, o integrante da pasta teria pedido propina para fechar contrato para a compra de vacinas.
A Davati afirmava ter 400 milhões de doses do imunizante produzido em parceria pela Universidade de Oxford e pela AstraZeneca. O consórcio nega que tenha utilizado intermediação de empresas comerciais para fechar contratos com governos. No Brasil, a FioCruz produz a vacina.
Ele ainda estaria envolvido no caso Covaxin. O ex-secretário-executivo teria relação com Francisco Maximiano, dono da Precisa Medicamentos, empresa suspeita de estar envolvida em um processo irregular para fechar um contrato com o Ministério da Saúde que seria do interesse do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR).