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Correios: 170 países mantêm suas empresas de correspondências estatais

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Correios

Dados da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect) mostram que 170 países ao redor do mundo mantêm seus serviços de correspondência e entregas - os Correios - públicos. Em outras palavras, quase todas as nações (entre 193 e 195 países, dependendo do organismo internacional) acreditam que só podem confiar suas entregas, um serviço que demanda responsabilidade, a si mesmos.

Entre os oito países que escolheram privatizar os Correios, dois discutem estatizar os serviços: Portugal e Alemanha. Esta solução foi adotada pela Argentina em 2003, após reclamações da população pela baixa qualidade dos serviços e o aumento das tarifas.

A reestatização foi bem sucedida, mas o período em que a empresa esteve nas mãos da Socma, empresa privada, teve seu custo: cerca de US$ 300 milhões que a empresa do pai do ex-presidente Macri deve ao governo argentino.

A privatização dos Correios no Brasil

O desejo de privatizar os Correios no Brasil é antigo e teve um empurrãozinho extra do ministro da Economia, Paulo Guedes. Desde o primeiro ano do mandato de Bolsonaro na presidência da República - 2019 - a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) esteve presente na lista das 17 estatais que deveriam ser privatizadas sob sua gestão.

Contudo, mesmo nos momentos de maior aprovação do governo, Bolsonaro e Guedes não tiveram força para levar o projeto a diante, embora os Correios sigam na mira.

O motivo, entre outros, é explicado pela coordenadora do Comitê em Defesa das Empresas Públicas e representante dos empregados no conselho de administração da Caixa, Rita Serrano: “A venda dos Correios só beneficia o mercado privado”.

Enquanto o setor privado puxa a empresa para a venda, diversos atores sociais - deputados, senadores, trabalhadores e a sociedade em geral- "seguram" a privatização com protestos, greves, ações na justiça e fortes mobilizações.

Alguns números dos Correios no Brasil

Serrano explica que os Correios prestam serviço essencial à população e o volume deles, conforme dados apurados pela Fentect, são gigantes. Somente em um mês, a empresa faz a entrega de:

  • Meio bilhão de objetos postais;
  • 25 milhões de encomendas;
  • 25 mil veículos.

Além disso, os Correios possuem uma imensa capacidade logistíca, com cerca de 1,5 mil linhas de transporte terrestre e 11 linhas aéreas. O trabalho envolvido nessa imensa malha de serviços logísticos é realizado por 98 mil trabalhadores.

Afinal, os Correios dão lucro ou prejuízo?

Como qualquer empresa pública, privada ou de economia mista, cada ano é diferente do outro. Porém, no caso dos Correios a balança pende muito mais para o lucro. Conforme afirma a Fentect, entre 2001 e 2020, foram 16 anos de lucro e 4 de prejuízo. No balanço desses 20 anos, o resultado líquido positivo foi de R$ 12,4 bilhões (em valores atualizados pelo IPCA), sendo 73% deles repassado à União. Ou seja, o Estado lucrou cerca de R$ 9 bilhões.

A empresa foi classificada como não dependente do Tesouro, ou seja, os Correios não precisam de aportes frequentes de dinheiro público. Um motivo a mais para Rita Serrano defender a manutenção do caráter estatal da empresa: "A privatização vai na contramão de tudo que é praticado no mundo e irá prejudicar o desenvolvimento do país, em especial nos locais longínquos dos grandes centros urbanos”.