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CoronaVac suspensa: "Um dos lados quer interromper a vacina", critica ex-presidente da Anvisa

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Imagem do site Recontaai.com.br
Ouça o boletim Reconta com o ex-presidente da Anvisa

Primeiro presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o médico sanitarista e professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, Gonzalo Vecina, se somou às vozes críticas quanto à suspensão dos estudos da vacina CoronaVac, desenvolvida por empresa chinesa em parceria com o Butantan.

“Um dos dois lados demonstrou que quer interromper a vacina. Veja o que falou Bolsonaro. É ruim, a Anvisa está submetendo o seu prestígio a essa situação”, lamenta Vecina, em referência ao posicionamento do Governo Federal quanto às ações do governo de São Paulo em produzir a vacina.

Após a ocorrência de um “evento adverso grave”, a Anvisa suspendeu temporariamente, na segunda-feira (9), o estudo clínico da vacina CoronaVac. Na tarde desta terça (10), foi divulgada a notícia de que a morte que suspendeu pesquisas da CoronaVac foi suicídio de voluntário.

Vecina aponta que o caso, determinado como suicídio pelo Instituto Médico Legal, é complexo. O sanitarista afirma que a suspensão, ocorrida por conta da morte de um voluntário nas pesquisas, teria que ter sido em momento anterior, entre o conhecimento da morte do voluntário e a determinação de sua causa.

“Durante todo esse tempo, seria correto suspender o protocolo. Até saber, tinha que ter suspenso. Posteriormente, o IML determina que foi um caso de suicídio. Como descartar que não foi depressão? Tem que olhar para os outros casos”, defende.

Com as informações já disponíveis, a suspensão perdeu o sentido: “Um caso isolado em 40 mil não indicaria a manutenção da suspensão”.

“Sempre faz sentido avaliar com cautela. Estamos em uma situação em que, de um lado, se precisa de uma vacina e, de outro, a vacina não pode provocar doença”, pontua. “[Mas] o caso de uma vacina que cause depressão é bastante raro”, explica.

Vecina critica a falta de transparência e comunicação entre os órgãos envolvidos e finaliza: “Não precisamos de agressão mútua. Está na hora de liberar a continuidade do projeto de pesquisa”.