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Contas de água e luz ficarão mais altas no segundo semestre?

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Seca e diminuição do nível dos reservatórios podem trazer de volta os rodízios de água e contas de luz mais altas no próximo semestre.

Ao que parece, a conta da mudança climática chegou ao Brasil. E ela vai pesar no bolso de toda a população. Com a estiagem que assola o País do Centro-Oeste ao Sul - estados em que estão os maiores reservatórios de água - a distribuição de água e energia elétrica estão sob pressão.

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Deviado à estiagem, as contas de luz e água podem sofrer impactos.
Fonte: Monitor de Secas/ Agência Nacional de Águas

O aumento nas contas de luz

De acordo com Íkaro Chaves, engenheiro Eletricista e Diretor da Associação dos Engenheiros e Técnicos do Sistema Eletrobras (AESEL), a tendência é que a conta de energia elétrica fique mais alta.

Chaves explica que as contas de energia passam por reajustes anuais chamados de revisões tarifárias. Contudo, além desse reajuste em 2021, haverá mais. Por causa do longo período de estiagem, as chuvas têm sido insuficientes para preencher os reservatórios das hidrelétricas.

Assim, para lidar com essa escassez de água, o País fez uma escolha política por termelétricas que funcionam com gás natural. Esse gás, derivado do petróleo, tem um custo mais alto que o da prodção das hidrelétricas. Ainda mais agora, indexado ao valor do dólar, que também está alto.

Aliado às questões técnicas, ainda há o perigo da privatização da Eletrobras. Conforme nota técnica elaborada pela Aesel, com a privatização da estatal a conta de luz ficará pelo menos 14% mais cara. E com todos esses fatores somados, existe uma grande possibilidade de aumento nas contas de luz no segundo semestre.

Racionamento de água?

A queda do nível das águas nos reservatórios também pode impactar a disruibuição de água para as residências.

Segundo Amauri Pollachi, mestre em Planejamento de Gestão de Teritórios, vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê e conselheiro do Observatório Nacional dos Direitos à Água e ao Saneamento (ONDAS), é possível que São Paulo tenha que passar pelo racionamento; apesar das melhorias na captação e distribuição de água, a situação não é confortável.

No entanto, o profissional alerta que a culpa não é dos consumidores residenciais. "Houve redução do volume do consumo per capta de água. Hoje, esse consumo é de 10 a 15% menor do que em 2013 porque a população incorporou hábitos de racionalização do uso da água", explica Pollachi.

O professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP, Pedro Luiz Côrtes, também tem a mesma visão. Segundo ele, a situação que vivemos hoje é parecida com a pré-crise hídrica de 2013. "Os reservátórios estão com um nível muito baixo, um nível pior do que em 2013 e o prognóstico climático indica uma redução do volme de chuvas até março do ano que vem. Só que aí surge o problema, já que de março a outubro é o período normal de estiagem", afirma. Por isso, Côrtes vê uma possível semelhança entre 2014 e 2022, anos com eleições em nível federal e estadual: a crise hídrica pode se transformar em motivo para a polarização.

Nesse sentido, o professor Côrtes afirma: "Esse ano temos água suficiente, mas podemos enfrentar dificuldade no ano que vem".

Os dois especialistas não acreditam em um aumento da conta de água no próximo semestre, ao contrário; segundo eles, os governos poderiam fazer campanhas para a economia de água por meio de bonificações para os que conseguirem diminuir o consumo.

"Com o clima a gente não consegue negociar, a gente consegue se adaptar"

Seja para a distruibuição de água, seja para a geração de energia elétrica, o cuidado com a água é fundamental no País. Com os efeitos das mudanças climáticas e do regime de chuvas por causa do desmatamento da Amazônia, a maior parte dos brasileiros poderá sofrer pela escassez do bem.

Para o futuro, Côrtes acredita que o modelo de abastecimento precisa ser repensado para as próximas décadas. "Com o clima a gente não consegue negociar, a gente consegue se adaptar", afirama o professor. Não há solução da noite para o dia, mas é preciso repensar o modelo de gestão das águas, incluindo seu armazenamento e consumo.

Pollachi ainda relembra que atualmente o agronegócio não paga nada pela utilização da água, enquanto todos os outros setores pagam. No mesmo sentido, o especialista aponta para a falta de incentivo para que esse setor econômico utilize a água de forma mais racional.

O sistema elétrico brasileiro também precisa se adequar aos novos tempos. Ainda que fontes de energia eólica e solares estejam em uso, elas não substituem as hidrelétricas e termelétricas por sua característica intermitente. Em outras palavras, aumentos de preço são peocupantes, mas a escassez da água em um futuro próximo é ainda mais.