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Combustíveis: Gasolina poderia ser R$ 2,40 mais barata, afirma economista

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petrobras dividendos

Que o reajuste do preço da gasolina, do diesel e do gás de cozinha poderia ter sido muito menor caso o Brasil não adotasse como política para a Petrobras o Preço de Paridade de Importação (PPI) muita gente já sabe. Mas e se mesmo com o PPI, os dividendos - uma parcela dos lucros que a empresa gera - fossem destinados a subsidiar os combustíveis, ao invés de serem distribuídos entre os acionistas da empresa? Qual seria o impacto?

Foi essa questão que o doutor em Economia pela Universidade de São Paulo (USP), Emílio Chernavsky, respondeu ao Reconta Aí.

Conforme calculou Chernavsky, caso os dividendos tivessem sido divididos integralmente em forma de subsídios para os combustíveis, haveria uma redução de R$ 2,40 no preço do litro da gasolina; R$ 1,60 no litro do diesel e de R$ 20,00 no botijão de gás de cozinha.

A Petrobras distribuiu em dividendos aos seus acionistas R$ 101 bilhões em 2021.

O preço da gasolina é uma escolha política

"Mesmo com a crise e a guerra, a Petrobras decidiu distribuir a seus acionistas, a maioria deles privados, R$ 101 billhões referentes ao ano de 2021", ressalta Chernavsky. "A redução em números próximos aos colocados (os valores calculados) de fato requereria zerar os dividendos distribuídos, mas a distribuição de juros sobre o capital próprio, que representa cerca de 20% dos rendimentos que receberam os acionistas em 2021, se manteria", explica o economista.

Em outras palavras, ainda que o Conselho Administrativo da Petrobras (indicado em sua maioria por Bolsonaro) decidisse reinvestir todos os dividendos, seria possível baratear os produtos para a população mantendo 20% dos ganhos dos acionistas, reforça o economista.

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Como a Petrobras deveria agir?

"Em um governo preocupado com a população, a Petrobras manteria uma rentabilidade algo menor (especialmente no curto prazo), mas menos volátil, variando menos com as variações dos preços internacionais do petróleo", aponta Chernavsky.

O economista prossegue explicando as consequências de adotar as medidas expostas por ele: "Isso se traduziria em preços dos derivados menos voláteis para o consumidor no país. Além disso, seus investimentos visariam não a valorização das ações no curto prazo, mas a perenidade e expansão da empresa no longo prazo", disse.

"Isso se materializaria em investimentos que focassem na diversificação e na sofisticação de sua produção, agregando valor no país e gerando muito mais renda e emprego", conclui Chernavky.