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Chico Mendes inspira novos ambientalistas

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Imagem do site Recontaai.com.br

Antecedendo o IV Congresso Nacional das Populações Extrativistas, evento retoma a história de Chico Mendes e sua luta pela Amazônia.

Chico Mendes Herói do Brasil em cordel.

Chico Mendes Herói Brasileiro foi homenageado ontem (4) na Chácara dos Professores, em Brasília. A exposição permanente de mesmo nome contou com uma inauguração diferente. Extrativistas, estudantes, professores e companheiros históricos do seringueiro compartilharam histórias, experiências de sustentabilidade e anseios para a construção de um mundo novo.

Em 2019 relembra-se os 31 anos do assassinato de Chico Mendes. Ao mesmo tempo, comemora-se os 34 anos do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), que adicionou Memorial Chico Mendes ao nome. Joaquim Belo, atual presidente da instituição, e resume a função dela. “Lutamos pela liberdade da comunidade e pelo direito de manter nosso modo de produção”.

Zezé Weiss, editora da revista Xapuri, uma das organizadoras do evento, ressaltou o papel de diversas organizações na realização do mesmo. CNS, Sinpro, FENAE e Ipam tiveram seu papel reconhecido por juntar os povos da floresta à população da cidade para recontar a história de um guardião da Amazônia. Segundo ela, “Chico Mendes vive e Chico Mendes vive em nós”.

O grito de Chico Mendes ecoou mais longe


Ampliar as experiências aprendidas das comunidades e expandi-las uniu a vice-diretora Gedilene Lustosa e o professor Leonardo Hatano, do Centro Educacional Agrourbano Ipê, no Riacho Fundo II. A história de como a escola pública do Distrito Federal transformou-se em guardiã de duas nascentes próximas e a promoção da educação formal aliada à preservação ambiental inspiraram até mesmo os guardiães da floresta.

Assim como a história dos guardiães da floresta inspirou Gedilene e Leonardo, Julia Feitosa, historiadora, representou o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri. Ela destacou a importância da exposição permanente, da qual foi curadora, e falou sobre o papel da memória. “Resgatamos essa história para resistir”.

O relato de quem fez a história

Camisetas e produtos da floresta Amazônica estavam a venda no evento.

Pedro Ramos, extrativista no Amapá, esteve ao lado de Chico Mendes na luta pela floresta em pé. Ele explicitou como se sente em relação ao passado compartilhado. “Nós fomos pacíficos além da medida, os biopiratas nos iludiram com muita facilidade. Os donos do latifúndio nos expulsaram pela fome, nos proibindo de fazer extrativismo”. Sobre a luta que culminou com a criação das Reservas Extrativistas, citou. “Nós queríamos uma reforma agrária diferenciada, que nos desse o perímetro e não aquela proposta pelo INCRA”.

Sobre o futuro da floresta e de seu modo de vida, avalia: “sabemos que o território não está consolidado, lutamos pelo reconhecimento dos serviços ecossistêmicos. Trabalhar pela sobrevivência do planeta é trabalhar pela nossa sobrevivência”.

Raimundo Mendes, primo de Chico Mendes, se diz “nascido e criado nas entranhas dos seringais”. Viveu da borracha, da agricultura familiar e das castanhas. Seu relato acreano apoia o de seu colego do Amapá. “Nós viemos de um mundo de exploração do patrão da borracha. O latifúndio foi um inimigo ainda pior: quando eles compraram a terra, nos mandaram embora”.

“Chico Mendes vive em cada um de nós”

Imagens da exposição Chico Mendes.

Uma série de inciativas que unem campos, florestas, cerrados e cidades foram apresentada. Provavelmente a criatividade das soluções foi decorrente da variedade de pessoas unidas em torno dessa causa. Etnias, idades, formações e histórias diferentes de vida se uniram em torno da sustentabilidade, que foi definida com maestria por Maria do Socorro Teixeira Lima, coordenadora da Rede Cerado e quebradeira de coco babaçu:


“A floresta em pé com nós dentro. Isso é sustentabilidade”.