Em acordo histórico, Centrais Sindicais brasileiras passam por cima da inatividade do governo e garantem oxigênio da Venezuela a Manaus.
Driblando a inatividade do Governo Federal e dos governos estaduais, trabalhadores conseguiram articular uma solução para o grave problema de falta de oxigênio em Manaus.
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O país presidido por Nicolás Maduro – a Venezuela, fornecerá 80 mil metros cúbicos de oxigênio por semana a Manaus. Já os trabalhadores das Centrais Sindicais farão a captação, o transporte e a distribuição do insumo para os hospitais da capital do Amazonas.
O volume do acordo firmado entre as Centrais Sindicais e o país equivale a três dias da produção das fábricas do estado. E juntas, CUT, Força, UGT, CTB, CSB e NCST negociaram a transferência para o Brasil.
Acordo de “colaboração e solidariedade de classe”
O acordo firmado foi baseado na “colaboração e solidariedade de classe”. Segundo os presidentes das Centrais Sindicais, eles estão “mostrando como se faz a diplomacia dos trabalhadores”.
Nesse sentido, o presidente da CUT, Sérgio Nobre explica: “Esse acordo é uma conquista do movimento sindical, da classe trabalhadora. Mostra, mais uma vez, que sabemos agir frente a um Governo Federal incompetente e criminoso”.
O primeiro comboio que trará o gás hospitalar deve chegar ao Brasil na semana que vem. A IndustriALL Brasil, assim como sindicatos, federações e confederações, prestarão o trabalho de logística.
Troca justa também para a Venezuela
Em contrapartida, as Centrais Sindicais brasileiras se comprometeram a fornecer à Venezuela insumos da iniciativa privada brasileira.
Segundo as Centrais, os dirigentes já iniciaram hoje (20) o contato com os governos estadual e local para articular e encaminhar essa cooperação e também com a iniciativa privada, especialmente o setor de transporte e autopeças.
O objetivo é conseguir peças e insumos para garantir a escala da produção da fábrica de oxigênio e de caminhões. A Venezuela enfrenta embargo dos Estados Unidos e falta de produtos e não é reconhecida pelo governo Bolsonaro.
Ao observar a situação do Brasil, Jorge Arreaza, ministro das Relações Exteriores venezuelano, afirma: “Lamento que o Brasil enfrente um boicote do seu próprio presidente da República. Nós sabemos bem o que é sofrer um boicote, mas aqui na Venezuela temos governo, temos um presidente que governa para o povo e pelo povo”.
Solidariedade entre Brasil e Venezuela poderia ser regra e não exceção
O acordo entre Brasil e Venezuela vem sendo estruturado ao longo do início da crise do oxigênio em Manaus. Desde o primeiro momento, na semana passada, o governo Maduro respondeu positivamente à solicitação do Fórum das Centrais.
Segundo a CUT, duas reuniões foram realizadas. A primeira teve cunho político e ocorreu na noite desta terça-feira (19), junto ao o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza.
Já a segunda reunião foi técnica e aconteceu nesta quarta-feira (20), com a presença do vice-ministro Carlos Ron e de Pedro Maldonado, presidente da Corporacion Venezoelana de Guayana, que produz o oxigênio.
Apesar do governo Bolsonaro não reconhecer a legitimidade do governo venezuelano, o país de Maduro vem oferecendo solidariedade ao Brasil. Isso vem ocorrendo desde a eclosão da crise em Manaus. Nesse sentido, já doou e entregou mais de 130 mil metros cúbicos de oxigênio ao Brasil.