Alegando uma conjuntura de mercado desfavorável, Caixa interrompe processo para colocar Caixa Seguridade na bolsa de valores
A Caixa decidiu suspender a oferta inicial de ações da Caixa Seguridade, de acordo com fato relevante divulgado nesta quinta-feira (24). O documento expedido alega uma conjuntura de mercado inadequada.
Com a venda de ações da Caixa Seguridade, a expectativa era arrecadar mais de R$ 10 bilhões na oferta.
Campanha contra privatização
Contudo, a Caixa não fala sobre o julgamento da MP 995 no Supremo Tribunal Federal (STF).
A Medida Provisória 995, que foi enviada pelo governo ao Senado no dia 7 de agosto, é uma manobra para o fatiamento de estatais. Ela prevê que a Caixa Econômica Federal e outras empresas públicas possam transformar suas áreas estratégicas – e mais rentáveis – em subsidiárias. Assim, pode-se vendê-las sem consultar o Congresso Nacional, como prevê a Constituição.
Por isso, a oposição ao governo no Congresso Nacional – que engloba PT, Psol, PCdoB, PDT, Rede e PSB – se uniu na elaboração de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade remetida ao STF.
Assim, juntando o momento financeiramente desfavorável à insegurança jurídica – que poderia decorrer da venda da Caixa Seguridade – a oferta de ações foi paralisada.
De acordo com o economista Sérgio Mendonça, abrir o capital da área estratégica da Caixa em meio à crise como a de hoje, é completamente descabido. Segundo explica o economista, isso ocorre pois os parâmetros de precificação são instáveis nesse cenário.
Mendonça ainda completa: “A instabilidade econômica do Brasil está crescendo (dificuldade de financiar a dívida pública, orçamento de 2021, crise ambiental, fuga de capitais e crise social). E o governo está perdido, não sabe o que fazer”.
Ontem (23), a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) realizou um ato em defesa da Caixa, através das redes sociais. Com o apoio de parlamentares, a entidade lançou, contra as intenções de privatização, o mote “Mexeu com a Caixa, Mexeu com o Brasil”.