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Brasil é o 6º maior emissor de gases de efeito estufa do mundo

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Brasil é o 6º país que mais emite gases do efeito estufa

O Brasil chegará à COP 26 - que começará no dia 31 de outubro - em uma situação muito difícil. O País é responsável por cerca de 3,2% do total de emissões de gases de efeito estufa do mundo. E, se a emissão de gases dos países da União Europeia fosse computada separadamente e não em um só bloco - com 28 países - o Brasil seria o 5º maior poluidor atmosférico do globo, segundo dados da Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, IPCC.

Além desse fato, o presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, não comparecerá à Conferência. E apesar de mandar a segunda maior delegação de participantes, a ausência do presidente “pode enfraquecer a voz do Brasil”, segundo o embaixador do Reino Unido no Brasil, Peter Wilson. Contudo, mesmo que o presidente da República fosse, a situação ainda seria constrangedora pela sua postura negacionista e pelas políticas ambientais ruins, cujo efeito é uma devastação sem precedentes.

Os campeões de emissões de CO2 no Brasil

As emissões brutas de CO2 per capita - por pessoa- do Brasil são maiores do que a média mundial. Os brasileiros emitem cerca de 10,4 toneladas de CO2, contra 7,1 na média mundial. Porém, isso não significa que a população esteja usufruindo de aquecimento a gás nas suas residências, ou que viaje muito de avião, ou que tenha veículos super potentes. Ao contrário, em compração aos países mais ricos, um brasileiro de renda média tem muito menos acesso a confortos advindos da queima de combustíveis fósseis.

A principal fonte de emissão de CO2 no Brasil é a mudança de uso do solo, conhecida popularmente como desmatamento. Segundo o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima, 44% das emissões brutas de gases do efeito estufa ocorreram por causa do desmatamento em 2019.

Em segundo lugar está a agropecuária, com 28% das emissões de CO2 no Brasil. E em terceiro está a geração de energia, que responderam por 19% do total nacional de emissões em 2019.

Em comum, todos esses setores estão contemplados pela Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), criada em 2009, com ações para a mitigação das emissões, planos de investimentos para a modernização e diminuição das emissões. Entretanto, elas também têm em comum a falta de ação do governo Bolsonaro para de fato fazer o plano, ainda que defasado, funcionar.

O governo não investe o quanto deveria e cria leis que boicotam a meta de emissões

A principal meta da PNMC era a redução do desmatamento na Amazônia em 80% em 2020 em relação à média verificada entre 1996 e 2005, conforme informa o Observatório do Clima. Ela não foi cumprida e o pior: a devastação em 2020 ficou 176% acima do exigido pela lei.

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Em relação à agropecuária, o PNMC previa o Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC). Contudo, o volume de recursos aplicados é muito menor do que necessário. "Para a safra 2021-2022 foram previstos apenas R$ 5 bilhões de um total de R$ 251 bilhões do Plano Safra, portanto, 2% do crédito rural foi destinado a financiar atividades que ajudam a reduzir emissões", afirma em nota o Observatório do Clima.

Na geração de energia, houve um agravamento da situação por causa da crise hídrica. O governo sancionou a Lei nº 14.182/2021, que prevê a contratação obrigatória de 8 gigawatts (duas vezes a geração média de Belo Monte) em termelétricas movidas a gás natural para suprir as necessidades adicionais de geração no país durante os próximos 15 anos. "Isso aumentará em um terço as emissões do setor elétrico", segundo o Observatório.

Vilão e vítima das mudanças climáticas

“O Brasil não é apenas um dos maiores vilões da mudança do clima, mas também uma de suas principais vítimas", avalia Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima. "Deveríamos ter um plano de clima consistente com a urgência apontada pela ciência não para cumprir obrigações internacionais, mas para ajudar a evitar tragédias como a crise hídrica atual e impulsionar nossa economia, já que, no Brasil, agir no clima também significa gerar emprego e renda", prossegue o especialista prossegue.

Sobre a atuação do governo na crise ambiental e na CPO 26, Astrini afirma: "Infelizmente não podemos esperar que o regime Bolsonaro e os líderes do atual Congresso Nacional atuem em favor do País, então, estamos recorrendo ao Judiciário para isso”.