José Mauro Coelho decidiu pedir demissão da presidência da Petrobras na última segunda-feira (20) em meio a um cenário em que Jair Bolsonaro tenta encontrar um bode expiatório para a inflação, mesmo sabendo que a política de preços conduzida pela petrolífera é uma orientação de governo, exigindo a paridade com os preços praticados por importadores.
Para a representante eleita pelos empregados no Conselho de Administração da Petrobras, Rosangela Buzanelli, o governo burlou as regras da destituição e nomeação de presidentes e pressionou José Mauro Coelho a renunciar ao cargo de presidente da estatal.
Ainda segundo Buzanelli, o governo constrangeu Coelho para criar um atalho no processo da sua substituição, mesmo que Bolsonaro tenha editado o decreto 11.048/202, que aumentou as exigências para a indicação de pessoas para o Conselho de Administração da empresa - com a renúncia do ex-presidente da Petrobras os novos trâmites não são exigidos. Assim, o presidente da República já pode indicar os novos conselheiros para a estatal.
Na opinião da conselheira que representa os petroleiros, Bolsonaro transformou Coelho em bode expiatório do preço da gasolina, do diesel e do gás, tentando se eximir da responsabilidade que tem sobre os Preços de Paridade Internacional (PPI). A consequência disso, opina Buzanelli, "É colocar a sociedade contra a Petrobras, angariando apoio para sua privatização".
"Bolsonaro trata a Petrobras como um clube de futebol de bairro. A complexidade e grandeza do país, e de sua maior empresa, são invisíveis e aviltadas por aquele que deveria ser seu maior defensor", conclui a representante no Conselho de Administração.
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