Jair Bolsonaro quebrou nesta sexta-feira - 30 de dezembro, último dia útil do ano - seu jejum de lives. Relembrando o episódio da facada que tomou durante o período eleitoral de 2018, o presidente - que está prestes a deixar o poder - se mostrou uma figura miserável frente à transmissão ao vivo em suas redes sociais.
Criticou a imprensa, o PT, o PSOL e o MST. Mas não foi somente isso: Bolsonaro usou seu pronunciamento como uma metralhadora de mágoas. Sobre si, o futuro ex-presidente afirmou: "Nós sempre lutamos por democracia, liberdade e respeito às leis" - um delíliro ou deturpação da realidade, já que Bolsonaro sempre foi um dos maiores defensores públicos da ditadura civil-militar, da tortura e do assassinato como forma de fazer política.
Com uma aura de 'extremo coitadismo', defendeu seu legado frente à pademia. Disse que comprou vacinas assim que possível, lamentando, finalmente, a morte pela doença: ora de 600 mil brasileiros; ora de 700 mil.
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Conclamou seus seguidores a lutar contra a perseguição à "democracia" e enumerou uma série de "conquistas" de seu governo. Entre elas, medidas e ações elaboradas pelas estatais que ele mesmo queria privatizar, feitos de governos anteriores, ações tomadas pela pressão da oposição e ações pontuais, como a isenção de impostos a games e jet ski.
Em seu discurso aos seus militantes, nem os mandou de volta para casa e nem subiu o tom radicalizando o movimento. Foi e voltou em sua fala como uma tentativa de manter seus seguidores fiéis. Justificou não ter dado um golpe de Estado por falta de apoio de outros poderes e da ação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Apesar da fala mansa, Bolsonaro acusou o TSE de imparcialidade e favorecimento à campanha do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Egocêntrico, Bolsonaro afirmou ainda que sofreu muito mais do que seus apoiadores, atribuiu seus anos de presidencia à escolha de Deus, repetiu chavões e chorou. Entre todos os delírios, talvez a única sinceridade de todo o discurso foi a menção à morte de Pelé ocorrida na tarde desta quinta-feira (29) e os elogios a um dos homens que levou o nome do Brasil ao mundo.