Pular para o conteúdo principal

Bancos se alimentam de dificuldades da população, diz economista na 24ª Conferência Nacional dos Bancários

Imagem
Arquivo de Imagem
conferência bancários

Os recordes nos lucros recentes dos bancos brasileiros têm como uma de suas fontes as "dificuldades da população". O nome dessas dificuldades é endividamento.

Esse foi um dos principais pontos abordados na mesa da 24ª Conferência Nacional dos Bancários sobre a situação do setor bancário. O evento ocorreu na tarde desta sábado (11), em São Paulo.

“Vimos no primeiro trimestre do ano os lucros dos bancos atingindo novos recordes e espelhando o modelo econômico concentrador de renda que vigora no país”, disse Gustavo Machado Cavarsan, economista no Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) na subseção da Contraf-CUT e responsável por apresentar dados aos delegados do encontro.

O cenário econômico conturbado por conta da inflação e pela permanência de altas taxas de desemprego apesar das melhoras, ao contrário de criar dificuldades para as instituições financeiras, cria oportunidades de lucro para os bancos.

“Diante da dificuldade de pagar as contas do mês, os brasileiros se veem obrigados a recorrer ao endividamento com os bancos, principalmente por meio de cartões de crédito. Significa um comprometimento maior de sua renda com o pagamento de parcelas de empréstimos bancários com altos juros. O que para o banco significa mais receitas, lucros e dividendos aos acionistas", sustentou.

Categoria sob ataques

A também economista Rosângela Vieira, que atua na subseção do Sindicato dos Bancários de São Paulo no Dieese, defendeu que o aumento no número de bancários em 2021 em comparação com 2020 oculta um processo de tendência de diminuição.

Isto porque somente com os dados da Caixa Econômica Federal e com contratações para a área de TI é que o saldo se torna positivo. O banco público foi obrigado, após ações da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) e da Contraf-CUT, a realizar contratações com base em um concurso de 2014.

Excluindo-se os dados relativos à Caixa e aos setores de TI, a categoria teve uma redução de cerca de 1000 postos de trabalho em 2021.

“Mudanças tecnológicas e organizacionais têm afetado o emprego bancário. O encolhimento da categoria e a alteração na dinâmica estrutural ocupacional nos bancos, com aumento da ‘gerencialização’ e ampliação de trabalhares fora das agências, especialmente em áreas de TI, é uma realidade estrutural. Além disso, há novas tendências como o aumento dos pedidos de desligamento. O debate que a categoria está construindo aqui é fundamental”, apontou Vieira.

A 24ª Conferência Nacional dos Bancários se encerra no domingo (12).