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Alta da inflação não significa retomada da economia, diz Sérgio Mendonça

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Imagem do site Recontaai.com.br

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), marcador oficial da taxa de inflação no Brasil, apresentou variação positiva após dois meses em patamares negativos.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), órgão responsável pela mensuração do Índice, o IPCA de junho de 2020 teve alta de 0,26%.

Se taxas negativas de inflação – ou seja, redução média dos preços – não necessariamente são um bom sinal, indicando queda de dinamismo na atividade econômica, a volta de um percentual positivo não deve ser entendido como sinal de retomada vigorosa da economia nacional.

É o que explica Sérgio Mendonça, economista e diretor do Reconta Aí, que afirma que a inflação está “rodando baixo por conta da enorme recessão”.

Dois meses de queda significaram deflação e isso reflete a enorme recessão decorrente da crise do novo coronavírus. Esse índice positivo já é um sinal de que a economia melhorou? Ainda é muito cedo para dizer”, inicia.

Mendonça aponta ainda que é preciso ter em mente o comportamento da economia em uma perspectiva mais ampla do que uma mensuração mensal pode indicar.

“O acumulado dos últimos 12 meses está 2,13%, abaixo do piso da meta de inflação, que é de 2,5%. Isso significa uma economia rodando muito baixo. Uma atividade econômica muito contida, por isso a inflação está tão baixa”, defende. “O outro dado interessante é que o acumulado nos primeiros seis meses de 2020 – de 0,10% – significa o menor índice desde o Plano Real. Esse dado mostra como o ano de 2020 é atípico”.

O centro da meta inflacionária estipulada pelo Governo Federal para 2020 é de 4%.

No detalhamento do IPCA, fatores como a alta nos combustíveis, incluindo botijão de gás, o reajuste de medicamentos autorizado pelo governo e, com destaque, os gastos com alimentações foram os vetores da inflação em junho.

“Os dados específicos do mês mostram uma variação positiva por conta de alimentos. Subiram preços importantes como carne, leite, queijo, arroz e feijão. E também a alimentação fora do domicílio, provavelmente por conta da flexibilização do distanciamento social”, aponta Mendonça.

Mesmo com a alta mensal na inflação, portanto, ainda não há razões para otimismo: “Não dá para dizer que esse dado significa a retomada. Temos que esperar mais meses. Tudo indica que teremos a maior queda do PIB na história”.