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Alimento mais caro: preço da cesta básica sobe em 15 capitais

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Imagem do site Recontaai.com.br

A triste imagem de seres humanos na fila do osso, ao que parece, não deve ser superada facilmente. A pandemia de covid-19 piorou a situação de milhões de brasileiros; o desemprego aumentou, a renda caiu e os preços dos alimentos não param de subir.

No mês de julho, por exemplo, dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostram que houve - novamente - aumento no preço da cesta básica na maior parte das capitais pesquisadas.

Os maiores aumentos foram registrados nas cidades de Fortaleza (3,92%); Campo Grande (3,89%); Aracaju (3,71%); Belo Horizonte (3,29%) e Salvador (3,27%). As duas únicas capitais que registraram queda foram João Pessoa (-0,70%) e Brasília (-0,45%).

Contudo, mesmo nas cidades em que houve queda nos preços não há o comemorar. Segundo o Dieese, em comparação ao mesmo mês do ano passado (julho/2020), o preço da cesta básica aumentou nas 17 capitais que fazem parte do levantamento. Brasília, por exemplo, teve aumento de 29,42% em um ano.

Pessoas na fila do osso são uma imagem muito emblemática

Patrícia Costa, economista e supervisora da pesquisa da cesta básica do Dieese, avalia que esses sucessivos aumentos vão trazendo dificuldade de sobrevivência a uma parcela grande da população brasileira. "Há famílias que não se recuperaram da situação de pandemia, quando muitos perderam empregos", afirma.

Para a economista, as pessoas na fila do osso são uma imagem emblemática do que ocorre no País: "A melhor parte desses animais abatidos vai para China e no Brasil, a população de baixa renda segue na fila do osso". 

Isso mostra o enorme abismo social que existe no Brasil e que muitas vezes é fomentado também pela estrutura do Estado. Enquanto a Petrobras distribui lucros recordes entre seus acionistas, muitas pessoas voltaram a cozinhar com lenha.

Isso ocorre, segundo Patrícia Costa, porque a subida de preço da cesta básica não é acompanhada pelo aumento da renda das famílias. Desse modo, o poder compra dos cidadãos diminui. Nesse sentido, a economista questiona: "Se você tem que pagar luz, botijão de gás além da comida, como você sobrevive com uma renda que não aumenta?"

A economista relembra que entre 2020 e 2021 o aumento do salário mínimo foi abaixo da inflação, o que não chegou a repor a perda inflacionária. 

O valor da cesta básica em 17 capitais

A tabela mostra de forma decrescente o valor da cesta básica de 18 produtos nas capitais pesquisadas. Porto Alegre teve a cesta mais cara do mês de julho; Salvador, a mais barata.

Levando em conta a cesta básica mais cara do País em julho - Porto Alegre, o Diesse calcula que o salário mínimo necessário deveria ser de R$ 5.518,79. "Um valor que corresponde a 5,02 vezes o piso nacional vigente, de R$ 1.100,00", conforme afirma a nota técnica do órgão.

Esse cálculo elaborado pelo Diesse leva em conta uma família de quatro pessoas, com dois adultos e duas crianças.

O preço dos alimentos

O açúcar teve aumento em 15 capitais, como o Reconta Aí havia alertado. O café também teve aumento em 15 capitais. O tomate, o leite e a manteiga foram outros itens que subiram de preço em diversas capitais. Batata e arroz tiveram leve queda na maior parte das capitais.