Isolamento social, recessão, retirada de direitos dos trabalhadores e a tão atacada democracia são temas da deputada federal Erika Kokay no Ouça Aí.
Para responder a uma única pergunta sobre a votação da Medida Provisória 905, a deputada federal de Brasília deu uma aula. O tema começou na importância do isolamento social para combater à pandemia, e chegou às críticas ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
Com um repertório vasto de números e exemplos, a parlamentar não se furtou a colocar o dedo na ferida, afirmando que Rodrigo Maia tem uma agenda pró-empresariado e que está aproveitando a pandemia para realizá-la.
Mas não é só isso. Erika Kokay fala com o coração e para corações, usando letras de Cazuza e Chico Buarque para explicar as atitudes de seus colegas deputados e, principalmente, de Rodrigo Maia.
Democracia é a prioridade da Câmara?
Segundo a deputada, o funcionamento virtual na Câmara foi acordado para que durante a pandemia de Covid-19 a Casa, assim como o Senado, pudessem intervir pela sociedade brasileira. E que isso foi necessário pois o parlamento brasileiro tem feito valer o espaço que não tem sido ocupado pelo governo.
Foi pactuado entre os parlamentares das duas casas legislativas do Brasil que as sessões votariam apenas questões voltadas ao combate da pandemia e seus efeitos sociais e econômicos.
Porém, a tecnologia impede a atuação da oposição. Dificulta a obstrução, um instrumento legítimo da minoria. A obstrução serve para adiar votações e é usada para expressar a vontade de uma parcela da população, segundo a deputada. Ela ainda completa: “A democracia se realiza e se consolida no respeito às minorias.”
Por que votar a MP 905?
“A quem serve Rodrigo Maia?”, pergunta retoricamente Erika Kokay em sua fala. A deputada, que já foi bancária da Caixa, acredita que sabe a resposta e deixa-a bem clara, ao mercado financeiro.
E, segundo ela, é por isso que o presidente da Câmara colocou na pauta a votação da MP 905, que cria a carteira verde e amarela e aumenta a jornada de trabalho dos bancários, entre outras retiradas de direitos.
A deputada federal acredita que além da crise sanitária, estamos enfrentando uma crise com dimensão social, econômica e ética. E que isso é o que diferencia o combate à Covid-19 do Brasil no resto do mundo.
Enquanto aqui há uma discussão sobre a austeridade fiscal, no resto do mundo governos estão fazendo o possível para salvar vidas. “Não podemos pensar a partir da nossa própria convicção e negar, anular o outro, trabalhando na centralidade dos próprios interesses”, vaticina Erika.
Para ela, Guedes – ministro da Economia, tem dificuldades de entender a função do Estado. Principalmente porque ele sempre trabalha com uma perspectiva de Estado mínimo para os brasileiros, mas de Estado máximo para banqueiros e grandes empresários.
Para exemplificar, Erika usa o exemplo dos bancos. “O governo liberou mais de um trilhão para eles, e eles não estão concedendo o crédito para capital de giro, ao contrário, estão elevando taxas”.
Privatizações
Para a deputada, as estatais são instrumentos estratégicos de desenvolvimento nacional e de soberania. Segundo ela, isso pode ser visto pelo serviço fundamental que estão prestando ao País nesse momento de pandemia. Ela ainda ressalta o papel dos Bancos Públicos, que estão sendo importantíssimos para viabilizar o auxílio emergencial à população.
O governo vive criando dicotomias falsas, é melhor emprego do que direitos, e assim justificaram a Reforma Trabalhista, a Reforma da Previdência e a MP 905. A Medida Provisória está vigente desde novembro e nenhum resultado positivo foi provado. Ela não gerou empregos e ainda contribuiu para a retração do mercado, afirma a deputada.
Democracia pra quê?
O legislativo tem que seguir funcionando para atender às demandas da sociedade, com a ampliação do auxílio emergencial para famílias monoparentais geridas por homens, mães solo adolescentes, marisqueiras, trabalhadores ruais, entre outras.
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