Datamec e o fracasso que pode se repetir
A privatização do Datamec, em 1999, gerou um caos no antigo ministério do Trabalho e Emprego. Ao que parece, não aprendemos e estamos prestes a privatizar Dataprev e Serpro nesse ano.

A tecnologia da informação (TI) é uma das áreas mais sensíveis e necessárias da atualidade. Quando a TI trata dos programas e ministérios de um País, além dos dados de milhões de habitantes, ela é considerada estratégica.
No Brasil, há em atividade duas empresas públicas de TI: a Dataprev – responsável pela gestão da Base de Dados Sociais Brasileira, especialmente a do INSS -, e o Serpro – maior empresa pública de prestação de serviços em TI do Brasil.
Ambas empresas – Serpro e Dataprev – tiveram altíssimos lucros em 2018. Segundo os balanços, o Serpro lucrou R$ 459,7 milhões; já a Dataprev faturou R$ 151 milhões. Além de superavitárias, as estatais prestam serviços de excelência, comprovados pelos prêmios que recebem e fornecem serviços ao governo com preços justos.
O que o Datamec tem a ver com isso?

A história do Datamec é didática. A empresa deu suporte aos sistemas críticos do Ministério do Trabalho e Emprego, dentre eles, o Programa Seguro-Desemprego.
Porém, em 1999 ocorreu sua privatização pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. A gestão de TI do ministério foi então licitada e a empresa privada ganhadora começou a prestar os serviços.
Os novos sistemas que atendiam o Estado foram então implementados com uma tecnologia privada. Isso deixou o Brasil rendido à empresa, obrigando os contratos a serem renovados sem licitação por causa da dependência tecnológica. O fornecedor deliberadamente fez com que o País dependesse dela para funcionar.
Com o País “no bolso”, a empresa começou a cobrar preços exorbitantes pela gestão dos dados e manutenção dos programas do ministério. Refém da empresa, o governo viu-se obrigado a apelar para o Ministério Público Federal para tentar resolver o problema.
A solução, cuja negociação foi lenta e onerosa ao governo, foi exemplar: a Dataprev assumiu o controle dos sistemas e garantiu a continuidade dos serviços. Demorou cinco anos para a migração de todos os sistemas ser realizada, mas em 2011 foi finalmente completada.
Conclusão

Se houver a privatização da Dataprev e do Serpro, como governo anda anunciando, as coisas podem piorar muito. E o mais grave, sem nenhuma empresa de TI brasileira para salvar a sociedade da irresponsabilidade dos governantes.
Dados sensíveis dos cidadãos e cidadãs podem ser expostos, usados indevidamente ou mesmo negociados pelas empresas estrangeiras que assumiram a gestão. Isso fará que o Brasil fique ainda mais dependente e subserviente aos países ricos, os únicos com empresas comparáveis a Dataprev e ao Serpro.
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